quarta-feira, 5 de outubro de 2016

[Resenha] Misery - Louca Obsessão

Título: Misery

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Número de páginas: 326


Sinopse: Paul Sheldon descobriu três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após emergir da nuvem escura. A primeira foi que Annie Wilkes tinha bastante analgésico. A segunda, que ela era viciada em analgésicos. A terceira foi que Annie Wilkes era perigosamente louca. Paul Sheldon é um famoso escritor reconhecido pela série de best-sellers protagonizados por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo manuscrito, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um grave acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira aposentada Annie Wilkes, que surge em seu caminho. A simpática senhora é também uma leitora voraz que se autointitula a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta na enfermeira seu lado mais sádico e psicótico. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegará ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, Paul Sheldon terá que usar toda a criatividade para salvar a própria vida e, talvez, escapar deste pesadelo. 

Defina o livro com uma frase: "Cuidado com o seu fã-clube, querido autor favorito... <3"




Apesar de amar livros do gênero de terror eu ainda não tinha lido nada do rei do terror, Stephen King (me julguem), muito tempo atrás eu comecei a ler "Insônia" mas não consegui passar da 100ª página. Uns 6-7 anos depois resolvi tentar ler algo dele novamente e senhor, eu deveria ter tentado antes porque foi uma das melhores coisas que eu fiz esse ano! Bom, chega de enrolação:

Este livro irá contar a história de Paul Sheldon, um autor de renomado de sucesso, famoso por ter escrito uma série de livros protagonizados por Misery Chastain. Ao contrário do que se era de esperar, Paul não aguenta mais escrever sobre Misery então em seu último livro, finalmente se livra dela para sempre.

"Havia várias razões para ele não escrever mais sobre Misery, mas um motivo pairava acima dos demais, férreo e irrevogável: Misery — Hosana nas alturas — tinha morrido finalmente. Morrera faltando cinco páginas para o fim de O Filho de Misery. Quando isso aconteceu, as lágrimas rolaram desimpedidas, incluindo as de Paul — exceto que as dele eram causadas por gargalhadas histéricas."

Após assinar sua carta de alforria, ele começa a escrever um novo livro que não tem nada a ver com o universo de Misery (apesar de muitos de seus leitores não gostarem de livros de outros temas), chamado "Carros Velozes". Como de praxe, Paul se isola em um quarto, no Hotel Boulderado (em algum lugar em uma cidade isolada, mas que ideia fantástica) e dois anos depois voilà, ele tem em mãos sua obra prima. 

Depois de uns bons drinques ele resolve pegar o carro em meio a uma forte nevasca para dirigir de volta à Nova York, porém sofre um acidente de carro e é encontrado por Annie Wilkes, sua autointitulada, fã número 1. Seguindo uma maré de "boa sorte" ela resolve levá-lo para sua casa, em algum lugar em uma cidade de interior, ao invés do hospital e é ai meus caros, que as coisas começam a piorar drasticamente (como se sofrer um acidente de carro, estilhaçar as duas pernas e quase morrer não fossem o suficiente).

"Ele descobrira três coisas quase simultaneamente, uns dez dias após ter emergido da nuvem escura. A primeira era que Annie Wilkes tinha bastante Novril (na verdade, tinha muitos remédios de vários tipos). A segunda era que ela era viciada em Novril. A terceira era que Annie Wilkes era perigosamente louca."

Após essa experiência de quase-morte de Paul, Annie revela ser uma enfermeira e que cuidará de dele até que a nevasca passe e as estradas sejam liberadas. Porém não é bem isso que acontece, uma mulher que em um primeiro momento aparentava ser apenas uma enfermeira dedicada, solitária e uma fã apaixonada começa a se mostrar sendo louca, instável, desequilibrada, perspicaz e totalmente psicótica.


A maldade de Annie não tem limites e aparece logo nos primeiros dias em que Paul estava sobre os seus "cuidados". Devido a forte dor nas pernas (convenhamos que a situação não era a das melhores), Annie medica Paul com um potente analgésico chamado Novril (um medicamento tarja preta a base de codeína, que não é nada mais, nada menos do que um primo da morfina e que causa fortes crises de abstinência) e como forma de penitência pela impaciência e respostas "grosseiras" de Paul, ela faz com que ele se humilhe e subjugue a ela para conseguir o seu precioso remédio.

Annie, sendo o obcecada por Misery, acredita que ela à pertence e que Paul tem que continuar escrevendo sobre ela para sempre. Mas como se não bastasse, adivinha quem acabou de ler o mais novo romance de Misery e descobrir o fim da sua amada personagem? Após essa descoberta as coisas perdem completamente o pouco controle que tinham. Sua obsessão toma toda a força e ela obriga Paul nas mais absurdas e revoltantes situações. Sendo uma delas, "ajudar" Paul a escrever para ela o novo romance de Misery, onde esta voltará à vida.

“Ele olhou para além dela e viu que Annie tinha virado a máquina de escrever antes de acordá-lo. Ela sorria para ele, resplendente, com o dente faltando, dizendo-lhe que era bom ter esperanças, e que era nobre lutar, mas que no fim só o que importava era o seu destino: a ruína.” (página 74)

A melhor palavra para definir esse livro é terrivelmente angustiante, Paul se vê preso no meio do nada, sem poder andar e tendo que se submeter a uma pessoa instável e cruel como Annie. Como a narrativa acompanha a perspectiva de Paul, nos vemos em seu lugar sem saber o que fazer, em diversos momentos eu ficava pensando: e se fosse eu nessa situação? Como eu escaparia dessa peste?

Annie Wilkes é diabólica. Ela se passa por uma enfermeira boazinha, dedicada à vida na fazenda, cuidando de animais (inclusive de uma porca que ela carinhosamente apelidou de Misery, que meiga...) e se isolando da sociedade, já que todos a perseguem. Porém isso tudo só serve de fachada para esconder a tempestade nebulosa que é sua mente, já que ela é uma mulher obsessiva, psicótica, extremamente cruel e sem escrúpulos. Sua mente é como a maré: tem momentos em que sua loucura está submersa pela água e outros em que ela está totalmente amostra como uma ferida aberta.

“Ela o ergueu sentado e empurrou os comprimidos para sua boca. Ele engoliu e se recostou, pensando: Eu vou matar essa mulher.” (página 55)

Os momentos em que a maré está baixa são aterrorizantes, ela é completamente imprevisível e instável. Eu me assustava e temia esses momentos e o que iria acontecer com Paul durante cada refluxo de sanidade de Annie, já que todos eram acompanhados de punições horrendas.

Em meio a todos esses surtos Paul ainda tem que escrever o livro para Annie da maneira que ela quer, e ao contrário do que ele acreditava ela não é burra ou fácil de se enganar, uma vez que ela é calculista e todos os passos são pensados até os mínimos detalhes.

Este livro tem sua cota de cenas bem descritivas de vocês sabem o quê... Então se você tem estômago fraco é melhor ir se preparando...

“Não. Não mesmo, porra. Talvez eu morra, mas juro por Deus que não vou morrer até ter uma chance de mostrar à minha fã número um o quanto eu gostei de conhecê-la. E não é uma promessa, é um juramento sagrado.” (página 176)

Para mim, o que torna este livro mais terrível é a ausência do sobrenatural, você pode estar se perguntando: “Essa menina tem merda na cabeça?” E eu te respondo, caro leitor: Sim, mas isso não vem ao caso... Devido a ausência do sobrenatural, Annie se torna uma personagem muito mais real. Ela pode ser qualquer pessoa que cruzamos na rua, e essa situação com o Paul pode acontecer com qualquer um (claro que qualquer pessoa que seja um escritor de renomado sucesso, ufa).

Recentemente eu assisti o filme, e posso dizer que é uma adaptação bem fiel à história do livro. Claro, existem pontos diferentes e pontos que foram deixados de lado. Acho que o único ponto “negativo” do filme foi o corte das cenas mais violentas, convenhamos... Quem não quer ver alguns membros sendo decepados? Uma outra coisa que eu achei um pouco desnecessária foi a introdução de mais personagens, já que o enredo apenas acompanhando Paul e Annie era mais do que suficiente, porém isso não é nada que torne a experiência desagradável. Agora o que dizer sobre a atuação da Kathy Bates como Annie? Ela é perfeita, não poderia pensar em uma atriz melhor para interpretá-la.

No geral recomendo este livro para quem nunca leu nada so Stephen King (já que se trata de um livro relativamente curto e mostra como é a escrita do autor) e para quem adora sentir aquele aperto no peito de tanta angústia e tensão!

2 comentários:

  1. Eu amo esse livro. Sempre que leio fico pra arrancar os cabelos. É um dos meus favoritos! Fico feliz que tu tenha gostado. Amei a resenha,ri em alguns momentos...kkkkk... ♡ as fotos ficaram lindas. E a Kathy é rainha!

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    1. Hahahahahahah Obrigadaaaa! Estou apaixonada pelo King agora <3

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