sexta-feira, 3 de novembro de 2017

[Resenha] Trilogia dos Espinhos #2: King of Thorns

“Nós não somos lembranças, nós somos sonhos. Todos nós. Cada parte de nós um sonho, um pesadelo de sangue e vômito e tédio e medo. E quando nós acordamos - nós morremos.” (Página 429)



Se você achou que em “Prince of Thorns” fomos jogados no meio da ação, prepare-se para ser arremessado de cara no chão em “King of Thorns”.

“Eu não estaria sentado no trono se não fosse por um monte de gente, uma porção de chances, algumas improváveis, outras roubadas, se não fosse pelo sacrifício de muitos homens, alguns melhores, outros piores. Um homem não pode contrair novos fardos de dívida a cada esquina ou ele sucumbirá ao peso e não poderá se mover.” (Página 38)

É o dia do casamento de Jorg - viva a maioridade - que dia feliz. Claro que nós sabemos que Lawrence gosta de jogar com nossa felicidade, então obviamente o casamento não é o protagonista aqui. Ao mesmo tempo em que os últimos preparativos da cerimônia são feitos, há uma guerra eminente. O exército do príncipe de Arrow marcha até os portões do reino das Terras Altas de Renar e nosso querido anti herói tem um problema em mãos. Novamente, é claro que Jorg parece não se importar nem um pouco com o fato de estar em extrema desvantagem.


“[...] mas na batalha a coesão sempre vai embora. Ordens são perdidas, desviadas, não ouvidas ou ignoradas, e mais cedo ou mais tarde tudo vira um sangrento massacre, cada homem por si, e os números começam a ter importância.” (Página 23)

Os eventos se alternam entre presente e passado, o que em um primeiro momento pode parecer confuso. Porém, esse tipo de narrativa só aumenta o suspense, porque Mark Lawrence faz a porra do favor de alterar o ponto de vista sempre que temos um cliffhanger e aqui isso acontece a cada página… Não acho que isso seja ruim, só não posso responder pela saúde do meu coração - se bem que se eu fosse cardíaca já teria morrido nas primeiras 50 páginas.

“E é um sacrifício pelo qual eu pagaria no momento, com os braços de milhares erguidos contra mim. No fim, meus irmãos, não há preço que eu não pague para vencer este nosso jogo. Nenhum sacrifício é grande demais a ser pago para impedir que outros imponham sua vontade sobre a minha.” (Página 521)

Um ponto muito interessante em comparação a “Prince of Thorns” é que teremos capítulos intercalados entre Jorg, passado e presente, e Katherine, através das páginas de seu diário. A forma com que Mark constrói uma trama tão densa e fechada é um dos pontos que fizeram com que eu me apaixonasse por sua narrativa. E como se não bastasse a participação de Katherine, somos apresentados a Miana. Que é basicamente a versão feminina pé no chão de Jorg - prefiro não contar mais nada e deixar o melhor guardado para que vocês descubram sozinhos. A diferença entre elas é brutal, não tinha como existirem duas personagens com personalidades e desenvolvimentos mais distintos, e é justamente isso que as torna especiais a sua maneira.



“Alguém colocou uma velha malvada dentro do corpo de uma garotinha e a enviou para mim com o menor dote do mundo.” (Página 455)

Apesar da natureza odiável de Jorg, é impossível não amar odiá-lo. Ele é um dos melhores anti-heróis justamente por ser um grandessíssimo filho da puta. A sua crueldade não tem limites. A jornada por vingança iniciada em “Prince of Thorns” serviu para acumular ainda mais fantasmas no armário de Jorg e aumentar sua tormenta. Ele parece desenvolver uma “consciência”, e tenta por meio dela justificar todos os seus atos, fazendo com que o peso da culpa de seu egoísmo diminua.

“[...] Não tenho filhos, mas se eu tivesse não gostaria que eles fossem como você. Você é um desgraçado perverso, na melhor das hipóteses.” (Página 253)

Jorg se torna mais humano em “King of Thorns”, claro que isso não significa que ele tenha se tornado alguém menos escroto. Ele amadureceu, porém ao mesmo tempo se tornou ainda mais cruel e mais determinado a conquistar o trono e governar todo o Império.

“Eu não havia sentido aquilo. Nenhuma sensação de satisfação, mas a morte de meu tio me ensinara que a vingança é bem menos doce do que promete ser. Uma refeição vazia, não importa quanto tempo você leve com ela.” (Página 379)

A junção de uma narrativa recheada de batalhas sangrentas e elementos fantásticos a um universo pós apocalíptico torna “King of Thorns” o melhor livro da “Trilogia dos Espinhos”. Jorg está no seu auge e a viagem a ser trilhada para a completa dominação do Império está na palma de sua mão - e ele não tem o menor receio de fechar a mão e esmagar tudo.


“Eu caminhei entre eles e a morte caminhou comigo.” (Página 518)

Em “Prince of Thorns”, Mark Lawrence abriu as portas para um mundo sem lugar definido no tempo e espaço. Em alguns momentos toda essa imensidão era confusa. Porém, em “King of Thorns” diversas perguntas deixadas em aberto são respondidas e nossas suposições se tornam realidade: temos um universo pós-apocalíptico em que os resquícios da nossa tecnologia são tratados como magia - de certa forma também temos magia “real” - Ao passo que certos pontos vão sendo desvendados, fica evidente que certas perguntas nunca deveriam ter sido feitas…

“Às vezes, uma ferida é grande demais e nós contornamos suas beiradas procurando uma maneira de entrar.” (Página 240)

O fim de “King of Thorns” aparece para deixar claro que a jornada de Jorg rumo ao domínio completo não será fácil. Como se não bastassem os guerreiros e inimigos caídos em batalha até agora, “Emperor of Thorns” ainda promete deixar muitos corpos empilhados pelo caminho.

“Uma era de terror está por vir. Um tempo sombrio. As covas continuam a se abrir [...]. Mas o mundo tem coisas piores do que homens mortos. Um tempo sombrio virá. O meu tempo. Se isso o ofende. Tente me impedir.” (Página 523)

Autor: Mark Lawrence
Editora: Darksidebooks
Número de páginas: 532
Classificação: ★★★★★♥/✰✰✰✰✰

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Saraiva

A 100ª resenha não podia ser mais especial! Obrigada a todos que me acompanham desde o início, 99 resenhas atrás, com "Prince of Thorns"! <3

Um comentário:

  1. Olá! Ainda vou comprar algum livro da Darkside kkk acredita que não tenho nenhum?
    Abraço!

    cotidiano-alternativo.blogspot.com.br

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