terça-feira, 9 de janeiro de 2018

[Resenha] Os Executores #2: Tormenta de Fogo

“Meu nome é David Charleston. Eu mato pessoas que têm superpoderes.” (Página 26)



Antes de falar qualquer coisa, gostaria de informar que essa resenha não contém spoilers. Acha isso impossível por se tratar de uma continuação? Leia e seja surpreendido! hahahah

“Tormenta de Fogo” é o segundo livro da trilogia “Os Executores” e começa após os eventos de “Mitosis”, uma pequena história que ainda não foi lançada no Brasil - sejamos esperançosos. Se você não leu este conto, não comece a arrancar os cabelos. Tudo o que se passou é retratado em “Tormenta de Fogo” - de uma maneira bem resumida, obviamente.


David está em um impasse. Novos épicos chegam a Nova Chicago e tudo indica que uma Alta Épica de Babilar - anteriormente conhecida como Washington - está por trás disso. Em uma estratégia, que mais parece uma armadilha, os Executores vão até a misteriosa Babilar enfrentar essa poderosa e aparentemente onipresente épica, Realeza, em uma manobra que poderá muito bem acabar com tudo e que promete um reencontro com uma épica que faz o coração de David queimar

“Tormenta de Fogo” tem o mesmo “ar” de “Coração de Aço”. Porém, a diferença é que neste livro os épicos perdem um pouco o “distanciamento” das pessoas comuns. Começamos a perceber que eles não passam de pessoas comuns que ganharam poderes, mas que continuam com os mesmos medos e inseguranças, isso faz com que eles desçam dos pedestais. Ao contrário do que se acreditava com Coração de Aço, os épicos não são deuses e podem sim ser derrubados.


Tendo isso em mente, os Executores inspiram confiança nos moradores das grandes metrópoles e isso acaba sendo uma faca de dois gumes. Por um lado, o inconformismo faz com que as pessoas começem a enfrentar os épicos - a sua maneira e dentro do seu alcance - e do outro, devido a essa “petulância” os épicos passam a matar ainda mais.


Brandon Sanderson se encaixa perfeitamente na categoria de autores capazes de ambientar o leitor em poucas linhas. Nós fazemos parte da história e sofremos junto aos personagens, me atrevo a dizer que entramos na história e observamos o desenrolar dos acontecimentos na escuridão. Autores como Sanderson fazem as páginas voarem e, ao terminarmos o livro, nos sentimos órfãos - olá ressaca literária.

“Minha vida não era apenas sobre uma cidade ou um Épico. Era sobre uma guerra. Era sobre encontrar um jeito de derrotar os Épicos. Permanentemente.” (Página 48)


Cada personagem é único. Eles apresentam origens completamente distintas e personalidades muitas vezes antagônicas. Até os personagens que aparecem apenas uma vez apresentam suas particularidades, ao ler uma cena de multidão, nos sentimos em meio a essa multidão. Por isso, se você espera personagens xerocados (e tem algum problema mental para desejar tal coisa), sinto-lhe decepcionar com a informação de que Sanderson escreve sobre pessoas reais, ou seja, que apresentam qualidades sensacionais e defeitos catastróficos - temos a vida sendo como ela é: uma mistureba em meio a um mar de desgraça.


A forma com que Sanderson amarra cada uma das pontas sempre foi um dos seus pontos mais altos - quero dizer, mais um de seus infinitos pontos altos. Ele é capaz de contar uma história com tamanha maestria que dá a sensação de estarmos assistindo a um filme - tanto em seus livros de fantasia, quanto aqui.

Cada um dos acontecimentos não é óbvio, e isso te deixa completamente histérica, querendo saber o que vai acontecer e como toda essa merda vai se resolver (ou não). Cada evento caminha para um final que é totalmente crível e que nos dava pequenos sinais de sua chegada, você apenas não os notou - e é claro que saber disso, não torna o final menos destruidor.

“Senti um nó no estômago quando ela caiu de cara no chão coberto de raízes. Mas, no meu cerne, eu era um assassino. Sim, matava em nome da justiça, eliminando apenas aqueles que mereciam, mas no final do dia eu era um assassino. Eu atiraria em alguém pelas costas. Faria o que fosse preciso.” (Página 337)



Não consigo pensar em nada que tenha me incomodado nesse livro. Talvez o único “defeito” seja a velocidade com que as páginas são sendo viradas, o que dá a impressão de que este livro não tem mais de 300 páginas. Só posso torcer para que o tempo se espelhe na velocidade das páginas e passe logo, para que ano que vem eu tenha em mãos “Calamity”, o último volume da série (GUENTA CORAÇÃO!!).


Com uma narrativa frenética que te prende desde a primeira página e um enredo que muda de direção tantas vezes que nos faz ficar sem ar, “Tormenta de Fogo” é uma continuação que não deixou a peteca cair. Ao contrário, a elevou a níveis estratosféricos.

Autor: Brandon Sanderson
Editora: Aleph
Número de páginas: 376
Classificação: ★★★★★♥/✰✰✰✰✰

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