segunda-feira, 29 de outubro de 2018

{Outubro Trevoso} [Especial] Diário de Leitura: Três Mangás de Terror


Bem-vindos a mais um dia de Outubro Trevoso! 

Hoje resolvi fazer algo diferente e contar minha experiência de leitura dos primeiros dois volumes de alguns mangás de terror lançados recentemente. Vocês podem estar se perguntando porque eu não li mais ou menos. Na minha humilde opinião de leiga, o primeiro volume de um mangá não diz nada, apenas alguns capítulos normalmente não ditam o tom da obra - one-shots existem para me contradizer, claro. Por isso, resolvi ler dois volumes - o que pode parecer idiota, mas em alguns casos se mostrou a salvação, pois eu desistiria do mangá se não tivesse insistido no segundo volume. 

O primeiro deles é “I Am a Hero” de Kengo Hanazawa. O protagonista é Hideo Suzuki, um artista de mangá assistente de 35 anos que tem uma vida deprimente. Mergulhado em meio a suas alucinações extremamente bizarras, intermináveis decepções e fracassos - o que soa um pouco como o típico clichê do otaku gordinho maníaco - ele se vê como um coadjuvante da sua própria vida. Até que um dia a população contrai uma misteriosa doença que transforma as pessoas em assassinos canibais, vulgo zumbis. 


O primeiro volume (composto por 10 capítulos) desse mangá foi extremamente arrastado e frustrante. Havia pouca ação e os diálogos eram intermináveis e completamente desinteressantes. Temos um aprofundamento da vida de Hideo, o que serve para demonstrar o quão comum o personagem é. Hideo é covarde, tem dificuldade em estabelecer relacionamentos com as pessoas e está em um emprego sem perspectiva de crescimento. Fora que ele é passivo e sofre alucinações tão estranhas que eu jurava que estavam acontecendo realmente. 

No segundo volume (composto por 11 capítulos) as coisas realmente começam a acontecer. Hideo começa a demonstrar que sua personalidade não é tão rasa e previsível e que ele é um ser humano complexo e cheio de traumas, inseguranças e desejos. Este é um volume completamente oposto ao primeiro, em que temos ação e tensão em praticamente todas as páginas, culminando com um final que prende o leitor para a leitura dos próximos volumes.

Apesar do começo broxante, um ponto positivo de toda a obra é a arte de Hanazawa. Ele não poupa detalhes para criar seus cenários, o que engrandece os olhos. O mangá conta com 22 volumes e 264 capítulos e está sendo publicado no Brasil pela Panini (publicado até o volume 4). Creio que nos próximos volumes a trama mude e novos personagens sejam apresentados enquanto lutam para sobreviver, então é quase garantido que a história evoluirá para o caminho certo - oremos.

Mesmo tendo um começo turbulento, me interessei em dar continuidade a “I Am a Hero” e o que mais me prende é o tema central: zumbis. Confesso que desde “Resident Evil” eu desenvolvi um quadro de paixonite aguda para mortos-vivos. 

Autor: Kengo Hanazawa
Editora:  Panini Comics
Número de páginas: 248
Classificação: ★★/✰✰✰✰✰ 

O segundo mangá em “andamento” é “Happiness” de Shuzo Oshimi. Coincidência ou não, durante a leitura do primeiro volume, me senti lendo “Tokyo Ghoul”, já que os acontecimentos que servem de gatilho para toda a problemática da história são exatamente iguais a “Tokyo Ghoul”, salve pequenas alterações. 


O protagonista é Makoto Okazaki, um garoto que é humilhado diariamente por valentões na sua escola. Até que, enquanto ele caminhava pela cidade a noite, uma misteriosa garota pálida o joga em um beco escuro e morde seu pescoço, bebendo seu sangue. Mas ao invés de matá-to ela lhe oferece uma segunda chance. Kaneki Makoto agora sente uma sede insaciável e toda a comida tem um sabor horrível. O que exatamente ele se tornou? PAM PAM PAAAAAAAAAAM!

Apesar das semelhanças bizarras, achei “Happiness” interessante desde o primeiro volume. Ao contrário de “I Am a Hero”, o protagonista deste mangá desperta empatia no leitor, seja por ser um vítima de pessoas com mais “poder” ou pela sua personalidade extremamente justa. Os eventos que ocorrem na vida de Makoto são deprimentes e é impossível não comparar a injustiça de sua vida com a de Kaneki Ken - a vontade de pegar ele no colo é igual a que eu senti com o Kaneki.

O primeiro volume é praticamente inteiramente dedicado a mostrar como Makoto vivia e como ele ajusta sua vida após se tornar um vampiro. Já no segundo volume, ocorre o seu “despertar” e seu dilema se aflora, já que ao mesmo tempo que ele tem sede de sangue, ele continua lutando contra o que está se tornando. Também fica claro que apesar do certo repúdio, ele se aproveita da sua nova situação, já que ele percebe que agora tem a coragem/força necessária para fazer “justiça com as próprias mãos”.

A arte desse mangá é peculiar. Temos a arte tradicional de mangás e em alguns momentos ela se torna extremamente bizarra, mas a intenção do autor foi justamente essa: mostrar o quão diferente é a percepção de Makoto.

“Happiness” conta atualmente com oito volumes e ainda está sendo publicado no Japão. No Brasil temos publicado os três primeiros volumes da série pela editora NewPOP.

Autor: Shuzo Oshimi
Editora:  NewPOP
Número de páginas: 200
Classificação: ★★★★★/✰✰✰✰✰ 

O último mangá é “Witches” de Daisuke Igarashi. Quebrando um pouco as regras, este mangá é um compilado de diversas histórias únicas e independentes. Dividido em dois volume, o mangá conta a história do misticismo por trás das bruxas e o folclore de diversos lugar distintos - não se passando apenas no Japão. 


Antes de avaliar o enredo, a primeira coisa que chama a atenção e que impressiona demais é a arte de Igarashi. Seus traços são diferentes do que estamos acostumados tradicionalmente em mangás, se aproximando mais da realidade o que torna sua obra única e extremamente expressiva. 

Como cada uma das histórias são independentes, resolvi tentar passar um pouco como foi a minha experiência de leitura de modo geral (apesar de ser bem complicado, pois cada história difere muuuito da anterior). “Witches” é um mangá que não tem o terror como tema principal, seu foco são as bruxas: mulheres “comuns” dotadas de magia - mas nada que seja muito fantasioso ou que caia no clichê. Essas mulheres defendem seus ideais com todas as forças que elas possuem.

Igarashi conseguiu criar cenários onde a magia parece ser real, dando um tom místico e ancestral às bruxas, fazendo também com que seu elo venha em certa parte da natureza.

Autor: Daisuke Igarashi
Editora:  Panini
Número de páginas: 192
Classificação: ★★★★/✰✰✰✰✰ 

Posso dizer sem dúvida que recomendo esses três mangás - apesar de ter levantado alguns pontos negativos. No caso de “I Am a Hero” e “Happiness”, por se tratarem de obras com mais volumes, é de se esperar que a obra tenha um aprofundamento tanto de cenário e personagens, assim como também ocorra um amadurecimento do enredo dos próprios autores. No caso de “Witches”, os personagens são bem construídos, mas por serem histórias únicas sempre há a sensação de que “faltou” algum desenvolvimento. Porém, se você procura uma história rápida e que promete te assombrar por diversos dias, fica minha recomendação.

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