terça-feira, 29 de outubro de 2019

{Outubro Trevoso} [Resenha] Pequenas Realidades


“Pequenas Realidades” foi um problema devido a gigantescas expectativas.

Meu principal problema com a narrativa da autora foi a ausência completa de empatia pelos personagens. Se aparecessem extraterrestres de “Marte Ataca!”, com seu visual característico - olhos esbugalhados, cérebros expostos - carregando suas temidas armas laser, capazes de transformar todos os personagens em ossos, eu seria uma pessoa mais feliz. Em especial, seria mais feliz se a maldita Dorothy finalmente calasse a porra da boca, parasse de ser uma merdinha mimada e morresse - ufa, me sinto mais leve. 


Se Tabitha King acertou em alguma coisa nesse livro, foi ao criar uma personagem tão insuportável que eu queria me entrar nas páginas só para poder enforcá-la com as minhas próprias mãos.

Odeio ter que dizer isso, mas eu não suporto livros que se encaixam no “aguente firme que depois da metade, a narrativa fica muito boa”. Sério, sei que estou sendo muito dura nesta resenha, mas se uma narrativa não é capaz de me prender em 50 páginas, porque raios eu iria investir mais tempo ainda para arriscar?

Em “Pequenas Realidades” eu odiei tanto a Dolly que larguei o livro e o esqueci por três meses. Como sou mais teimosa que uma porta, resolvi retomar a leitura e ver se o final realmente era tão surpreendente quanto estavam falando. Aliás, este livro é o perfeito exemplo de divisor de opiniões: você vai amá-lo ou vai odiá-lo.


Enfim, realmente… depois de 120 páginas a narrativa tem uma mudança de perspectiva que faz com que ela ande com maior fluidez. O que não faz com que a experiência se torne completamente agradável. Essa leitura, do começo ao fim, deixa um gosto amargo na boca e as ações dos personagens nos fazem sentir repulsa. 

No final, achei que Tabitha perdeu muito tempo criando um cenário que não fez a menor importância na narrativa, fazendo com que os monólogos internos dos personagens se arrastassem por páginas que não os desenvolviam, mas faziam com que eles caíssem em uma rotina cíclica bizarra. Senti que estava presa em uma máquina de lavar roupa que era o relacionamento de Dolly e Roger e MELDELS… Talvez essa tenha sido a intenção da autora, não posso afirmar com certeza… só sei que eu me senti entediada e sufocada.

Outro problema é que os personagens pareciam presos em suas próprias bolhas sociais. Eles não eram influenciáveis pelo o que estava acontecendo com o mundo externo, apesar do livro apresentar diversas notícias que deveriam no mínimo causar estranheza. 


Além do problema inicial, achei a narrativa lenta pelo restante do livro e os capítulos longos não ajudaram nem um pouco. Me senti presa por horas a uma história que não me cativou e que eu não sentia vontade de começar a ler justamente por parecer não ter fim.

Como mencionei anteriormente, não consegui me importar com nenhum dos personagens, muito menos me colocar em sua situação mundana em certo aspecto e completamente absurda. Tirando Dolly e Roger - que eu realmente queria que morressem da pior forma possível - eu não consegui sentir empatia nem pelas crianças, até porque elas são muito pouco exploradas. Tabitha perde muito tempo focando em um relacionamento tóxico, absurdo e vazio e deixa de lado personagens mais interessantes e até mesmo deixa de explorar melhor os personagens que ela resolve abordar. 


Porém, Tabitha é excelente em criar personagens abomináveis e situações de extrema crueldade. Nunca deixo de recomendar um livro, já que não é porque ele não funcionou pra mim que ele pode não funcionar para você, então leia “Pequenas Realidades” e tire suas próprias conclusões, espero que você aproveite a leitura, ao contrário de mim.

Autora: Tabitha King
Editora: Darkside Books
Número de páginas: 320
Classificação: ★★,5/✰✰✰✰✰

*Livro cedido em parceria pela editora*

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