quarta-feira, 24 de agosto de 2016

[Resenha] 172 Horas na Lua


Título: 172 Horas na Lua

Título original: 172 Hours on the Moon

Autor: Johan Harstad

Editora: Novo Conceito

Número de páginas: 288


Sinopse: O ano é 2018. Quase cinco décadas desde que o homem pisou na Lua pela primeira vez. Três adolescentes comuns vencem um sorteio mundial promovido pela NASA. Eles vão passar uma semana na base lunar DARLAH 2 - um lugar que, até então, só era conhecido pelos altos funcionários do governo americano. Mia, Midori e Antoine se consideram os jovens mais sortudos do mundo. Mal sabem eles que a NASA tinha motivos para não ter enviado mais ninguém à Lua.


Defina o livro com uma frase: "É tudo culpa desses adolescentes enxeridos!" (Scooby Doo)

A edição feita pela editora Novo Conceito está impecável, apresentando diversos “extras”, sendo estes cenas vistas pelos personagens ao decorrer da narrativa, plantas, diagramas, panfletos e diversos extras sensacionais que aumentam a imersão nesse universo.

O livro começa em 2010 durante uma reunião secreta da NASA, onde 13 figuras discutem o futuro das expedições. A falta de financiadores, aparentemente, é o motivo que obriga a NASA a cessar suas expedições lunares, porém um dos participantes da reunião tem uma ideia que poderia salvar o programa: mandar três adolescentes junto a uma tripulação até a lua, para que hajam mais financiadores e para que eles possam continuar suas pesquisas e a extração de Tântalo 73, um material que só é encontrado na Lua e que é muito necessário na Terra.

“A verdade é que... o que encontramos lá não é o tipo de descoberta que alguém pagaria para continuarmos pesquisando. – página 9”

(Ok... Estamos sem dinheiro para financiar as nossas pesquisas, o que iremos fazer? Que tal mandar três adolescentes sem nenhum tipo de treinamento ou experiência para uma missão com uma altíssima probabilidade de dar errado e matar todo mundo? Me parece uma ótima ideia!)
É criado um sorteio mundial para levar esses três adolescentes a lua, em uma missão que levará 172 horas (PAM! tá ai o nome, que mágico).

“São só algumas semanas. Não pode ser tão ruim, né? – página 54”

Nesse cenário, somos introduzidos aos três protagonistas: Mia, a revoltada uma norueguesa de 16 anos que vive com os pais e o irmão caçula. Ela tem uma banda e sonha com a fama. Midori, a diferentona uma japonesa de 16 anos que quer fugir da cultura tradicional de seu país. E Antoine, o rei do mimimi um francês de 17 anos que acabou de terminar com a sua namorada, está desolado e quer ir para o mais longe possível de tudo.

“Não conseguia se livrar do pensamento incômodo de que a visão da noite anterior fora um sinal. Um sinal de que ele deveria ficar longe dos céus. Um sinal de que lá em cima era perigoso. – página 81”

Ao contrário do que os próprios protagonistas acreditavam, e em um belo clichêzão, eles acabam sendo sorteados para participar da missão. Porém antes de pisar na lua eles irão precisar passar por 3 meses de treinamentos intensos nos Estados Unidos, detalhe: três meses de treinamento que não são citados em nenhum momento ao decorrer da narrativa, yay... Eles são apresentados ao restante da tripulação, cinco pessoas altamente teinadas para as situações de maior adversidade e depois de muita enrolação eles finalmente partem para a missão dos “sonhos”, só que os sonhos podem se tornar pesadelos muito rápido, e aqui não é diferente. Assim que eles chegam na estação DARLAH 2 (uma base lunar construída na década de 70), uma série de eventos bizarros e macabros começa a acontecer. Eventos esses que parecem orquestrados por um inimigo invisível, que está sempre a espreitar a base lunar e que fará com que os tripulantes questionem uns aos outros e a sua própria sanidade.

“A isso seguiu-se outro pensamento que ela nem tinha ideia de onde viera, mas abriu caminho à força em meio à sua consciência e deixou-a apavorada: No espaço, ninguém pode te ouvir gritar. - página 137”

Eu estava amando o livro, porém o rumo que o autor decidiu tomar no final acabou me deixando com uma interrogação gigante na cabeça, ele quis inovar muito e eu acho que não funcionou muito bem... Fora que diversas perguntas não foram respondidas... Veja, não é que eu não goste de um final aberto, porém um final sem respostas é outra coisa... 

“Mas ver o lado bom da coisa tinha o hábito desagradável de levar à decepção. – página 183”

Outro ponto negativo foi o romance que o autor tentou criar, já que não tinha nenhuma base e pareceu cair de para quedas no meio da trama. Claro, são adolescentes eles estão propensos a ter aquele draminha adolescente mas se era esse mesmo o intuito do autor ele poderia ter desenvolvido um pouco melhor... Sim, esse não foi o primeiro e eu infelizmente duvido que tenha sido o útimo livro lido com esse instalove desnecessário, porém se o autor queria que os personagens se apaixonassem do nada, ele poderia ter gasto pelo menos uns 2 capítulos desenvolvendo esse romance, principalmente aproveitando o tempo de treinamento que os três protagonistas tiveram e que só serviu para acrescentar a frase: “três meses depois”.

Confesso que nos momentos finais do livro, eu pude sentir a tensão, e a reviravolta que aconteceu foi fantástica, porém os acontecimentos seguintes foram muito x, definitivamente “Houston we have a problem”.

Sem dar spoilers, claro, gostaria muito de saber o motivo da NASA, veja bem estamos falando da maior agência governamental, responsável por nada menos que a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial, a agência que levou os primeiros homens a lua e etc...

Por qual motivo essa organização gigantesca iria mandar 3 adolescentes para uma missão tão importante e perigosa? Ok... O autor quis introduzir personagens adolescentes pois esse é o seu público alvo.. Mas vamos com calma né? Adolescentes sorteados em um concurso que passam 3 meses em treinamento, três MESES, M-E-S-E-S, e que apenas com isso estariam aptos a passar por situações de estresse e risco dessa forma? Pessoas que passam anos em treinamento não conseguem passar por essas situações sem se abalar, imagine adolescentes?

Enfim.. Após esse meu breve desabafo digo que gostei sim do livro, claro que desconsiderando esses pequenos pontos que faltaram ser melhor abordados (alguns pontos que eu nem irei citar para não dar spoilers). A escrita do autor te prende até a última palavra, é impossível não querer saber o que está acontecendo e o que irá acontecer, claro que “desconsiderando” toda a parte que acontece na Terra. Recomendo esse livro para pessoas que gostam de uma leitura leve, cheia de romance carregada de suspense e tensão, e que se interessem por temas extraplanetários *uuuuuu*

“Sabe, Aldrich, quando Deus expulsou Lúcifer e outros inimigos do paraíso e os fez desabar no abismo até um novo lugar que Ele chamou de inferno, nunca especificou exatamente onde era o inferno, não é? – página 248”

Por fim encerro essa resenha com as seguintes perguntas: Será que estamos realmente sozinhos no espaço? O quê você considera como “estar sozinho”?

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