terça-feira, 29 de novembro de 2016

[Resenha] As Crônicas dos Mortos #1: O Vale dos Mortos

Título: O Vale dos Mortos

Autor: Rodrigo de Oliveira

Editora: Faro Editorial

Número de páginas: 304


Sinopse: Estamos em 2017 ... Cientistas descobrem um planeta vermelho em rota de colisão com a Terra. Depois de muito pânico nos quatro cantos do mundo, eles asseguram que o astro passaria a uma distância segura. E todos ficam tranquilos acreditando que nada iria acontecer... Uma profecia esquecida do Apocalipse, reiterada por outros profetas modernos, ressurge... "Então 2/3 de todas as pessoas no Planeta são acometidas por uma estranha doença... E abriu-se o poço do abismo, de onde saíram seres como gafanhotos com poderes de escorpiões. E os homens buscarão a morte e a morte fugirá deles." Apocalipse 9:2-6. Então um grupo luta por sobreviver num mundo dominado pelo mal. Com passagens por Brasília, Estados Unidos, China e França, O Vale dos Mortos baseia-se na profecia de que um planeta intruso ao sistema solar, ao raspar por nossa orbita, fatalmente desencadearia a transformação de grande parte da humanidade, não havendo lugar seguro, ambientes sem infecção, pois ela ocorreria simplesmente pela aproximação do astro. Pegos de surpresa, e tentando entender o que acontecia enquanto buscavam se salvar, um casal e seus filhos iniciam uma jornada para reestabelecer alguma condição de vida no que restou de seu próprio mundo. Uma história com muita ação, suspense, que vai deixar você eletrizado.

Defina o livro com uma frase: Essa série é a prova que eu não tenho nenhum problema cardíaco, se tivesse já teria morrido faz tempo...


Quem me conhece já deve ter  me ouvido falar da série “As Crônicas dos Mortos” pelo menos umas 10 mil vezes. Essa série é uma das minhas queridinhas, comecei a lê-la em 2013 e só agora criei coragem para escrever uma resenha, as vésperas (oremos) do lançamento do quinto, e último, livro “Era dos Mortos”. Ao contrário do que você possa achar, é muito mais difícil escrever sobre algo que você ama do que sobre algo que você odeie...

Nota: Primeiro estágio de contaminação: infecção com disseminação rápida.

“E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela ardendo como tocha (...) E o nome da estrela era Absinto...
... e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E a fumaça que saiu do fundo do abismo escureceu o sol e o ar.
E da fumaça vieram seres como gafanhotos sobre a terra, mas com poderes de escorpiões.
E foi-lhes dito que não fizessem dado à erva da terra, nem a árvore alguma, mas somente aos homens.
E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e desejarão morrer, e a morte fugirá deles. (Apocalipse 8 e 9) (Página 5).

“O Vale dos Mortos” é o primeiro volume da saga “As Crônicas dos Mortos” de um dos melhores autores nacionais da atualidade, Rodrigo de Oliveira. Palavras não descrevem o quanto eu me apaixonei por esse mundo, personagens e principalmente, pela escrita do Rodrigo...

Em um futuro não tão distante assim (no final de 2017), a NASA descobriu um novo planeta escondido no nosso sistema solar, que foi chamado de Absinto (um planeta colossal descrito primeiramente no livro do Apocalipse, sintam a desgraça), este colosso era cerca de 20 vezes o diâmetro da Terra e aparentemente estava em rota de colisão com o nosso planeta.

Imagine o seguinte: um meteoro com cerca de 50 metros de diâmetro é capaz de destruir Moscou, capital da Rússia, com cerca de 2.500 km². Você consegue imaginar o que um planeta maior que Júpiter, que tem cerca de 2.5 vezes a massa de todos os planetas do nosso sistema solar juntos, faria? Se você ainda não conseguiu enxergar o tamanho da desgraça, vou simplificar: adeus Terra, você vai virar poeira da poeira da poeira espacial.

Após o mundo entrar em colapso com essa notícia, cientistas e matemáticos perceberam que seus cálculos estavam errados (valeu bando de trolls), e que na verdade o planeta passaria raspando na Terra, fornecendo um espetáculo nunca antes visto. Cientistas ainda conseguiram prever o dia exato que o planeta atingiria o ponto mais próximo com a Terra: 14 de julho de 2018.

Nota: Segundo estágio de contaminação: primeiros sintomas são observados.

“Naquele dia, se Deus existia de fato, decerto preferiu desviar o olhar. Porque aquele planeta não trouxe apenas um belo espetáculo.” (Página 23)

Estamos em 2018, na cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo. Ivan é um ex-militar de 35 anos, que atualmente trabalha como TI na capital. Ele é casado com Estela, analista de sistemas e mãe dos dois filhos do casal: Matheus, de 8 anos e Ana, de 6.

O dia não poderia ser mais normal no ensolarado sábado, 14 de julho de 2018. O casal resolveu passear no shopping com os filhos, já que não conseguem passar todo o tempo desejado com eles, devido a rotina corrida do trabalho. Porém mal sabiam eles que esse passeio era o começo de um pesadelo...

De repente durante o passeio, centenas de pessoas caem no chão, aparentemente desmaiadas, e não se levantam – pelo menos nunca mais como elas mesmas. Em um espaço de minutos, cerca de 2/3 da população mundial se torna algo saído dos piores pesadelos: feras de olhos brancos, desalmadas, famintas e extremamente violentas - zumbis  para os íntimos.

Como se a situação já não fosse ruim o suficiente, uma por uma, essas “pessoas” começam a se levantar, imediatamente atacando quem estiver mais próximo. Um pânico ainda maior se instala, onde antes se encontrava um ente querido, agora se encontra um demônio usando a sua casca vazia.

Em meio ao caos, Ivan e Estela começam sua batalha pela sobrevivência, eles pensam rápido e conseguem escapar do meio do inferno em formação com os filhos, se refugiando com outros sobreviventes em um shopping que estava fechado para manutenção. E a partir daí que a batalha pela vida realmente começa...

“Aquelas crianças não estavam reconhecendo os próprios pais; era como se tivessem se convertido em soldados de um instante para o outro. Não sabiam no que os pais iriam se transformar com o passar do tempo. Matheus e Ana não faziam ideia de que se achavam diante de dois dos maiores predadores vivos da Terra.” (Página 88)

Nota: Terceiro estágio de contaminação: game over.

Lembro que achei esse livro sem querer, a capa me chamou a atenção em uma livraria e o peguei para ler a sinopse... Mal sabia eu que estava selando meu destino. Me apaixonei pela escrita do Rodrigo, pela descrições de cenário, personagens, criação e desenvolvimento do relacionamento entre os personagens, enfim.. por tudo.

Nada e ninguém que é apresentado nesse livro está lá por acaso, um personagem que é apresentado no começo do livro, aparecerá novamente – no melhor estilo tapa na cara de ser – fazendo aquele clique na nossa cabeça. O Rodrigo dá uma dica bem sutil e lá na frente todas as pontas são amarradas perfeitamente e você ainda é virado de cabeça para baixo.

Esse livro aborda, além claro de como sobreviveríamos perante a um apocalipse zumbi, as relações entre os sobreviventes. Mostra que em tempos de crise, abandonamos a nossa própria humanidade, matando inocentes e ignorando o que acreditávamos como sendo o correto, se isso for nos beneficiar ou tornar nossa “vida” mais fácil, então eu vos pergunto: quem são os verdadeiros monstros? Os zumbis ou os homens?

“- E do que fala essa música – Estela quis saber.
Ivan sorriu de forma significativa. Depois respondeu:
- Fala que quando surgir um sinal misterioso no céu, a Besta estará livre para vagar sobre a Terra. E os homens terão que se unir para enfrentá-la.” (Página 192)

Não posso dizer que eu não tenha me apegado a todos os personagens, a narrativa é tão bem desenvolvida que eu muitas vezes me via lá no meio, sentindo desespero, aflição, comemorando e sentindo todas as perdas, aliás já deixo um aviso para os mais fracos: ninguém está à salvo, esperem mortes, e muitas.

Esse é um dos livros que é melhor ler em casa, pois você caro leitor, assim como eu, vai gritar a cada reviravolta. “O Vale dos Mortos” é um livro com um ritmo frenético, você fica roendo as unhas e se descabelando, devorando as páginas até descobrir o que vai acontecer e aí, o livro acaba e te deixa sem fôlego.

Não preciso nem ressaltar que estamos falando de uma obra nacional, preciso? Vamos lá meu povo, vocês ficam reclamando que quase não existem livros nacionais bons e blá blá blá... Aproveitem a oportunidade, pois infelizmente não vejo tantas pessoas comentando sobre essa obra.

Acompanho essa série desde o seu início e posso dizer que ela já me trouxe todo tipo de sentimento, inclusive as piores ressacas literárias. Por ter lido todos os livros publicados posso dizer que é melhor vocês preparem os corações, com os volumes seguintes o que já era sensacional melhora ainda mais e temos mais: ação, zumbis, dramas, mortes, reviravoltas, desenvolvimento de personagens e revelações de cair o cú da bunda, que eu infelizmente não posso falar nada... AI MEU CORAÇÃO! Sério Rodrigo, como você conseguiu pensar em tudo isso?

Eu não consigo ressaltar o quanto quero que todas as pessoas do mundo leiam esse livro, aliás se você me conhece e ainda não leu, a única forma de me fazer calar a boca é lendo. Afinal de contas, o que pode ser melhor do que um livro sobre o apocalipse zumbi que se passa no Brasil?

2 comentários:

  1. Rodrigão sangue bão: além de bom autor é gente finíssima. Um gentleman da mais fina estirpe! (Ao menos nas tardes de autógrafos. Também nao precisamo encher o saco do coitado o tempo todo).

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