Título original: Assassin’s Apprentice
Autor: Robin Hobb
Editora: LeYa
Número de páginas: 416
Skoob: Adicione a sua estante
Sinopse: O jovem Fitz é o filho bastardo do nobre Príncipe Cavalaria e foi criado pelo cocheiro de seu pai, à sombra da corte real. Ele é tratado como um penetra por todos na realeza, com exceção do Rei Sagaz, que faz com que ele seja secretamente treinado na arte do assassinato. Logo ele enfrentará sua primeira missão perigosa. E embora alguns o vejam como uma ameaça ao trono, ele pode ser a chave para a sobrevivência do reino
Defina o livro com uma frase: Ai Fitz, vem aqui, deixa eu te dar um abraço.
Fitz é o filho bastardo do príncipe
herdeiro Cavalaria. Ele foi abandonado pela mãe quando tinha apenas cinco anos
e foi levado para ser criado no castelo da Torre do Cervo, onde foi acolhido
pelo braço direito de seu pai, e mestre dos estábulos, Bronco. Por ser um
bastardo, desde o momento em que ele pisou pela primeira vez no castelo, Fitz é
tratado como uma peste e é rejeitado por praticamente todos, desde a nobreza
até os criados de hierarquia mais baixa. Depois de um tempo vivendo nos
estábulos com Bronco, sua vida muda completamente ao ser aceito pelo Rei Sagaz,
que vê em Fitz uma arma a ser usado a favor do reino. Por isso ele começa a ser
treinando nas mais diversas artes, incluindo a do assassinato.
“Cresci sem pai nem mãe, numa corte
onde todos me conheciam como um divisor de águas. E um divisor de águas me
tornei.” (Página 31)
Cavalaria sempre foi um homem muito respeitado e honrado, então não é de se surpreender que o aparecimento de um filho bastardo, ainda mais quando sua esposa Paciência não conseguia gerar um herdeiro, foi um grande acontecimento por todo o reino. Com vergonha de seus atos, ele abdica do trono e vai morar em um pequeno vilarejo, sem nunca ter conhecido o filho.
“[...] Você é um bastardo, garoto.
Somos sempre um risco e uma vulnerabilidade. Somos sempre dispensáveis. Exceto
quando nos tornamos uma necessidade absoluta para a segurança deles. Eu te
ensinei bastante durante os últimos anos. Mas mantenha esta lição mais próxima
de você e mais presente do que qualquer outra na sua vida. Porque se alguma vez
você fizer algo que os leve a não precisarem mais de você, eles vão te matar.”
(Página 128)
No universo criado por Hobb, o nome de
uma pessoa descreve sua personalidade, então se alguém é nomeado, por exemplo, Preguiçoso
você pode esperar que essa pessoa seja uma batata largada no sofá.
Aqui também existe magia, que é
conhecida como Talento e Manha. Talento é uma habilidade honrada, presente principalmente
naqueles de nascimento nobre e basicamente é a capacidade de telepatia e
controle da mente. Já a Manha é vista como uma coisa perigosa e proibida, essa
habilidade permite um tipo de conexão mental com os animais, porém se usada em
excesso traz consequências irreversíveis a seu usuário...
“A fonte original do Talento
provavelmente ficará para sempre envolta em mistério. É certo que uma vocação
para ele corre com notável força no sangue da família real; contudo, não está
apenas confinado à casa do rei. Parece haver alguma verdade no ditado do povo: “Quando
o sangue do mar corre com o sangue das planícies, o Talento floresce”.” (Página
55)
Vou começar diferente, apontando
primeiramente o único ponto “negativo” do livro (graças à Deusa foi só um
mesmo). A narrativa em “Aprendiz de Assassino” foi beeem arrastada do começo
até praticamente a página 150, onde as coisas começam a andar. Confesso que
fiquei receosa ao me arrastar por essas intermináveis páginas de letras miúdas,
porém assim que passei por essa nuvem negra, acabei o livro no dia seguinte, já
que o ritmo frenético e a incerteza do futuro de Fitz tornam impossível largar
o livro até saber o que acontecerá.
“- Não tem de ser assim tão ruim [...]
A maior parte das nossas prisões é criada por nós mesmos. Um homem também faz a
própria liberdade.” (Página 112)
Fazendo um pequeno adendo sobre a
edição: as letras são pequenas e o espaçamento é apertado demais, pessoas cegas
como essa que vos fala, precisam de letras maiores para enxergar, se não ganho
de brinde uma maravilhosa dor de cabeça – motivo pelo qual eu acabei lendo uma
grande parte desse livro em e-book.
Um ponto que me surpreendeu é que é
impossível prever qual rumo a história vai tomar. Durante diversos momentos eu
acreditava ter encontrado a grande problemática da história que acompanharia o
leitor até a sua resolução nas últimas páginas, só para ser surpreendida com a
mudança repentina do enredo, que passa a seguir um caminho completamente
diferente. Essa característica imprevisível, e a sensacional escrita em
primeira pessoa, tornou a leitura muito imersiva.
“[...] A era do mal chegou, e veio para
ficar muito tempo conosco. É uma era em que os homens de bem devem preparar
todas as armas que puderem [...] São tempos difíceis, rapaz, e não sei se algum
dia irão acabar.” (Página 182)
Como o próprio título do livro diz,
Fitz é um aprendiz de assassino, e isso indica que ele deverá ser treinado. Se
você espera um livro onde o protagonista começa sem saber nada e puf, ele vira um assassino fodão,
sinto-lhe informar que acompanharemos Fitz através dos primeiros ensinamentos,
desde etiqueta até assassinato. O que é muito bom, pois vemos o crescimento do
personagem, aumentando sua credibilidade (sim Celaena, estou falando com você –
se você não sabe do que eu estou falando, clique aqui).
A narrativa também amadurece com Fitz,
durante sua infância haviam tons mais coloridos (levando em conta toda a
desgraça, claro) que foram substituídos por sentimentos mais sombrios e
tragédias devastadoras, conforme os anos se passam.
“Mas quando todos os caminhos levam à
morte, não há qualquer razão para desatar a correr por qualquer um deles.
Resolvi tratar dos problemas a medida que viessem.” (Página 293)
Todos os personagens são muito
cativantes, é impossível não amar os “mocinhos” e odiar os “vilões”, porém existe
sempre a dúvida de quem é bom ou mau e quem está usando quem. Essa dúvida vai
te acompanhar até os últimos capítulos, então prepare seu coração. Eu até ia
falar um pouco sobre os personagens mas foi tão gostoso descobri-los, que eu
prefiro deixar a experiência para quando Fitz os encontra pela primeira vez.
A trama criada é tão profunda e o
universo é tão rico que 416 páginas parecem ser pouco para introduzir todo esse
mundo, porém Hobb consegue entregar isso com maestria. Ao acabar esse livro
senti um sentimento de vazio, pois me apeguei muito aos personagens e fiquei
muito curiosa para sua continuação “O
Assassino do Rei”, já que os últimos capítulos botaram fogo na porra toda,
socaram a nossa cara e agora vamos assistir o mundo se reerguer e queimar mais
um pouco (que dramático).
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