quarta-feira, 9 de novembro de 2016

[Resenha] Joyland

Título: Joyland 

Autor: Stephen King

Editora: Suma de Letras

Número de páginas: 240

Skoob: Adicione a sua estante

Sinopse: Carolina do Norte, 1973. O universitário Devin Jones começa um trabalho temporário no parque Joyland, esperando esquecer a namorada que partiu seu coração. Mas é outra garota que acaba mudando seu mundo para sempre: a vítima de um serial killer. Linda Grey foi morta no parque há anos, e diz a lenda que seu espírito ainda assombra o trem fantasma. Não demora para que Devin embarque em sua própria investigação, tentando juntar as pontas soltas do caso. O assassino ainda está à solta, mas o espírito de Linda precisa ser libertado — e para isso Dev conta com a ajuda de Mike, um menino com um dom especial e uma doença séria. O destino de uma criança e a realidade sombria da vida vêm à tona neste eletrizante mistério sobre amar e perder, sobre crescer e envelhecer — e sobre aqueles que sequer tiveram a chance de passar por essas experiências porque a morte lhes chegou cedo demais. 

Defina o livro com uma frase: Vamos dar uma volta no trenzinho da alegr- desgraça.


“Joyland” é narrado pelo protagonista Devin Jones, um jovem universitário de 21 anos que arranja um emprego de verão em um parque de diversões na Carolina do Norte, chamado Joyland, com o intuito de esquecer a dor do coração partido por seu primeiro amor.

“Madame Fortuna errava muitas coisas, eu descobri depois, mas parece que tinha mesmo um quê de médium, e, no dia em que fiz a entrevista para aquele emprego de verão em Joyland, ela estava acertando todas as previsões.” (Página 17)

Logo que é contratado, a temporada do parque começa e Dev precisa aprender como as coisas funcionam na prática. Ele e seus colegas novatos vão aprender com os funcionários mais antigos, não vamos nos esquecer que King nunca apresenta um personagem sem um propósito, e as histórias de cada um deles é contada de uma forma muito suave, alternando o passado com o presente da narrativa.

“Quando se tem vinte e um anos, a vida é um mapa rodoviário. Só quando se chega aos vinte e cinco, mais ou menos, é que se começa a desconfiar que estávamos olhando para o mapa de cabeça para baixo, e apenas aos quarenta temos certeza absoluta disso. Quando se chega aos sessenta, vai por mim, já se está completamente perdido.” (Página 20)

Já nos primeiros dias de trabalho Dev descobre que um dos brinquedos – e olhem que adequado, o trem fantasma – foi cenário para um brutal assassinato, ainda não solucionado, de uma jovem. Como se isso não fosse o bastante, diversos funcionários dizem ter visto o fantasma de Linda Gray no brinquedo. Como Dev não é bobo nem nada, não acredita nesses rumores, pelo menos não logo de cara, mas sendo um homem da razão, gostaria de ver o fantasma com os seus próprios olhos (epa, pera aí...).

“ – É mesmo uma história de fantasma? – Eu nunca entrei naquela porcaria de trem fantasma, então não tenho certeza. Mas é uma história de assassinato. Disso eu tenho certeza.” (Página 27)


Como sempre, um dos pontos altos de qualquer livro do King são as interações entre os personagens e a construção dos cenários. Ele é capaz, e nesse livro isso não é diferente, de criar personagens que evocam todos os tipos de emoções, desde simpatia, alegria até indiferença e nojo. Devido a sua narrativa descritiva, o livro flui com muita facilidade e em diversos momentos eu me via dentro da história, observando o decorrer da narrativa detrás de uma das barracas de jogos.

Como estamos falando de um livro de Stephen King é obrigatório que haja um tempero extra, então ao decorrer do livro aprendemos uma língua fictícia nova, o “Colóquio”. Uma linguagem utilizada pelos funcionários do parque composta de jargões de parques de diversão e alguns termos extras inventados pelo próprio autor.

Eu comecei essa leitura sabendo que diversos leitores fiéis do King não tinham avaliado muito positivamente esse livro, dentre os motivos destaca-se a ausência do terror e sobrenatural, elementos tão característicos do autor. Em alguns momentos até temos uma pitada de sobrenatural, porém esse não é o foco do livro. Pode-se dizer que “Joyland” é um suspense que chega bem próximo de ser um “romance policial”.

“É importante lembrar que eu tinha vinte e um anos e, embora na época eu talvez negasse isso, no fundo estava convencidode que jamais morreria. Nem mesmo a morte de minha mãe foi capaz de abalar essa crença.” (Página 28)

Não se engane achando que a ausência de elementos assombrosos torna o livro ruim, pelo contrário, essa “mudança de ares” apenas aumentou meu amor pela escrita do King, mostrando que ele é tão sensacional que consegue escrever sobre os mais variados assuntos, sem perder aquela pegada característica. 

“Quando se trata do passado, todo mundo escreve ficção.” (Página 33)

A ausência de terror abre uma janela para que leitores que não gostam do gênero possam conhecer a escrita do autor e se apaixonar

“Tem um fantasma aí dentro – perguntei – Centenas, e espero que voem direto para o seu cu.” (Página 94)



No geral, “Joyland” é o livro perfeito para quem nunca leu nada do autor e que tem medo de leituras mais “pesadas”. A narrativa é fluida, divertida e é impossível você não se apegar aos personagens, principalmente a Mike e Milo <3 

“Acho que só tem escuridão. Sem pensamentos, sem lembranças, sem amor. Só escuridão. Esquecimento. É por isso que tenho tanta dificuldade em aceitar o que está acontecendo com ele.” (Página 208)

Apesar do tema divertido – ainda mais levando em conta que é um história de um parque de diversões – presente durante toda a narrativa, terminei esse livro com um buraco dentro do peito, acho que por ser tão divertido o que acontece no final – e em alguns momentos durante a narrativa, que não é linear – te deixa sentindo uma tristeza extrema. Fiquei com uma sensação de nostalgia ao ler esse livro. Aquele sentimento agridoce que aparece quando algo que você ama acaba de uma hora para outra (sabe aquele sentimento de fim de festa?), seja um momento de felicidade, um amor, uma amizade... A vida é feita de momentos, e esses passam com um piscar de olhos, essa é uma das nossas únicas certezas.

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