sexta-feira, 11 de novembro de 2016

[Resenha] Trono de Vidro #1: Trono de Vidro

Título: Trono de Vidro

Título original: Throne of Glass

Autor: Sarah J. Maas

Editora: Galera Record

Número de páginas: 392


Sinopse: Nas sombrias e sujas minas de sal de Endovier, uma jovem de 18 anos está cumprindo sua sentença. Celaena é uma assassina, e a melhor de Adarlan. Aprisionada e fraca, ela está quase perdendo as esperanças quando recebe uma proposta: Terá de volta sua liberdade se representar o príncipe de Adarlan em uma competição, lutando contra os mais habilidosos assassinos e larápios do reino. Endovier é uma sentença de morte, e cada duelo em Adarlan será para viver ou morrer. Mas se o preço é ser livre, ela está disposta a tudo.


Defina o livro com uma frase: Comprei achando que era salmão, recebi um baiacu...


Trono de vidro é o primeiro volume de uma série cheia de polêmicas, amada por muitas pessoas e odiada por muitas outras, devido ao rumo que a série tomou...

O livro contará a história de Celaena Sardothien, a maior assassina do Reino de Adarlan que é finalmente capturada e condenada a passar o resto de seus dias presa nas terríveis minas de sal de Endovier. Após um ano de sua captura, ela está desnutrida e fraca (devido às condições maravilhosas de trabalho escravo), porém continua com a mente forte, trabalhando em uma maneira de escapar da prisão, nem que isso signifique matar o máximo de guardas que ela conseguir e morrer em seguida.

“Há algum tempo Celaena não sentia medo – não se permitia sentir medo. Todas as manhãs, quando acordava, repetia as mesmas palavras: Eu não terei medo. Durante um ano, essas palavras significaram a diferença entre se partir e ceder; evitaram que Celaena de despedaçasse na escuridão das minas.” (página 10)

Até que um dia ela ganha sua “liberdade” ao fazer um acordo com o mesmo rei que a mandou para o xilindró. Como nada da vida vem de graça, ela deverá participar de uma competição mortal, representando o herdeiro do trono, contra os mais temidos criminosos, assassinos e ladrões de todo o reino, tudo isso para se tornar a “Campeã do Rei”.


A Campeã do Rei deverá servir o Rei (vulgo tirano, oi clichê da fantasia que a gente ama!)  durante quatro anos, executando todo o tipo de atrocidade imposta, recebendo até um salário, para então ser livre novamente quando o contrato terminar. Entre continuar presa e eventualmente morrer, nós sabemos bem o que ela escolheu, não sabemos?

“Ela se lembrou das três grandes cicatrizes nas costas. Mesmo se conquistasse a liberdade... mesmo se conseguisse viver em paz em algum lugar... as cicatrizes sempre a lembrariam do que suportara. E que embora fosse livre, outros não eram.” (página 32)

Eu estava com expectativas muito altas com relação a esse livro, ainda mais devido a toda hype criada pelos fãs. Não vou falar que não gostei da leitura mas não foi bem o que eu estava esperando...

Era de se imaginar que a “competição mortal” incluiria batalhas sangrentas e abarrotadas de violência ou provas que exigissem o máximo da capacidade dos competidores, porém não é isso que acontece... As provas são tão esdrúxulas que eu ouso compará-las à gincanas do primário. Se você esperava algo estilo “Jogos Vorazes”, sinto lhe informar que as provas incluem: tiro ao alvo e escada. Wow, que emocionante...

“Nada é coincidência. Tudo tem um propósito.” (página 184)

Existe um segundo mistério no livro, além de: “Quem será o grande vencedor?”. Porém,  achei melhor nem comentar sobre ele para não estragar, nem que seja um pouco, a surpresa, pois a narrativa toma um rumo inesperado muitíssimo bem vindo.



Tenho sentimentos ambíguos com relação a esse livro, por um lado acho muito bom o fato da Sarah ter criado uma personagem feminina com personalidade, pelo outro Celaena é uma garota mimada que faz tudo menos demonstrar que ela é realmente a melhor assassina do rei (e já tendo lido o segundo volume da série – Coroa da Meia-Noite, posso dizer que isso piora bastante, oi vestidos). Sarah J. Maas vende uma personagem foda porém entrega alguém mimada, com paixão por vestidos e jóias. Como alguém que foi treinada desde a infância para se tornar uma assassina pode ser tão fútil? Claro que não tem problema gostar de certas coisas mas Celaena é obcecada por essas coisas, para mim ela perdeu a pouca credibilidade que tinha em me convencer que ela é uma assassina temida.

“Seria mais honroso morrer no duelo do que retornar para Endovier? Ou seria mais honesto morrer do que se tornar campeã do rei? Quem ele a mandaria matar?” (Página 327)

Maas também fez com que Celaena estivesse no meio de um harém. Quando finalmente aparecem outras mulheres para interagir com ela, ao invés de criar algum laço de amizade o único sentimento presente é a inveja. Ela explora o pior na relação entre duas mulheres, mostrando que é impossível uma amizade quando tem um macho no meio. Porém graças à Deusa, temos a Princesa Nehemia para nos salvar de todo o mal (aleluia).

A autora também perde muito tempo desenvolvendo pontos não tão relevantes, deixando o real desenvolvimento e fechamento da história para as últimas páginas. Isso faz com que o leitor se sinta instigado a continuar a leitura, mesmo não tendo aproveitado 100% do livro. Veja bem: não vejo problema em criar cliff hangers, desde que eles tenham tido propósito e que a história tenha sido desenvolvida antes.

“Laços de sangue não podem ser desfeitos.” (Página 385)

Os personagens secundários fazem com que a trama se torne mais interessante, temos: Chaol Westfall, o galante Capitão da Guarda Real, vulgo o certinho, e Príncipe Dorian Havilliard, o herdeiro incompreendido. Ambos são melhores amigos, apesar de suas diferentes posições, e olha só que surpresa: são os elementos finais para um triângulo amoroso! Oba... A impressão que fica ao decorrer do livro é que a própria autora não sabia o que estava fazendo com relação a esse romance, ainda bem que ele não é o foco do livro mas por que colocar essa merda ai? Ele não acrescenta em nada no enredo, pelo contrário, força demais uma coisa que não parecia natural, que foi coloca apenas para vender, já que protagonistas femininas em fantasias sempre precisam estar atreladas à um par... Alou, século XXI já chegou...

Um dos personagens mais interessantes desse livro é o próprio antagonista, o Rei de Adarlan. Nosso querido tirano resolveu, de um dia para o outro, proibir a magia e todos os elementos mágicos do reino, quem for pego praticando essa arte será morto. Depois disso, misteriosamente, toda a magia do reino desaparece... Claro que vocês podem esperar que nem toda a magia realmente desapareceu, como toda boa e velha fantasia.

“O rei dissera que a magia era uma afronta à Deusa e a seus deuses; que manipular magia era uma imitação impertinente dos poderes divinos. Embora o rei tivesse proibido a magia, a maioria das pessoas sabia da verdade: um mês após a proibição, a magia desaparecera completamente, por conta própria. Talvez tivesse antecipado os horrores que se seguiriam.” (página 39)

Um outro ponto que eu gostaria de abordar e que me incomoda muito são as capas, elas são lindas mas gente o que são essas caras de cú da personagem? O que custava fazer uma cara melhor? MEU DEUS... Parece que eles usaram como base a foto de alguém real e photoshoparam um desenho merda em cima...



Apesar dos pesares, vou continuar lendo a série. Agora, depois de ter lido o segundo volume, Celaena finalmente promete cumprir com a promessa de ser uma assassina sem escrúpulos, passando por cima de quaisquer obstáculos ou pessoas que fiquem em seu caminho.

Mesmo sabendo que a série fica uma merda depois do quarto livro (Rainha das Sombras) quero continuar lendo para ver o ponto que a merda é jogada no ventilador.

“Porque há pessoas que precisam tanto ser salvas por você quanto você precisava ser salva. Negue o quanto quiser, mas há aqueles, como os seus amigos, que precisam de você aqui. [...] Quando você estiver pronta... Quando começar a ouvir os gritos de socorro também... Então saberá por que vim até você, por que fiquei ao seu lado e por que vou continuar cuidando de você, não importa quantas vezes me afaste.” (Página 383)

Apesar de eu ter falado tão mal de alguns pontos, consigo entender perfeitamente o porque tantas pessoas amam essa série, nela temos: um universo grandioso, com elementos mágicos. Uma protagonista, com suas ressalvas, que, por si só, consegue atingir seus objetivos e trilhar seu próprio caminho. Uma narrativa fluida, fácil e intrigante. E por último, mas não menos importante, a promessa de uma série onde há empoderamento feminino, uma coisa relativamente rara no gênero de fantasia, porém que está mudando pouco a pouco – talvez por sua parte, graças até a esse livro.

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