quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

[Resenha] Lendas da DC #1: Mulher-Maravilha - Sementes da Guerra

“Mas isso também é uma escolha, certo? Porque os outros sempre olharão. Sempre julgarão. Então cabe a você escolher: se calar ou responder.” (Página 171)



“Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra” faz parte da nova série de livros da DC, “Lendas da DC”, que traz histórias independentes e inéditas dos personagens mais icônicos da DC, tudo com uma pegada YA, ou seja, voltada para um público mais jovem.

Neste livro, conhecemos uma Diana antes de ela se tornar a Mulher-Maravilha. Aqui, ela é apenas uma garota de 17 anos que vive na ilha de Temiscira e que quer se encaixar. Por ter nascido do barro, e não conquistado seu lugar em meio à batalha como as outras Amazonas, Diana não é vista como igual perante suas irmãs. Ainda mais quando elas a consideram favorecidas pela rainha Hipólita, o que faz com que ela seja ainda mais menosprezada e tratada com indiferença.


Diana quer provar que é digna de carregar o título de amazona, por isso ela se inscreve, contragosto da mãe, em uma corrida muito importante. Porém, no meio dessa prova, ela presencia um barco naufragando, e seguindo seu coração, abandona aprova para salvar possíveis vítimas. 

“Se o Oráculo não revelasse a Hipólita a terrível traição que ela cometera contra seu povo, se ela permanecesse na ilha, seria apenas a filha mimada de Hipólita. Jamais teria a chance de trilhar o próprio caminho.” (Página 87)

É com a chegada de Alia que a vida “pacata” de Diana desanda completamente, já que uma misteriosa doença recai sobre as amazonas, e apenas Diana poderá desvendar os mistérios por trás da chegada de Alia e restaurar a paz na ilha.

“Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra” foge de tudo que conhecemos da Mulher-Maravilha, e apresenta uma Diana jovem, ingênua e que ainda não conhece sua missão. Porém, essa Diana tem o mesmo senso de justiça e determinação da Diana que conhecemos, e não decepciona em momento algum.

“Não é justo exigir que uma pessoa viva pela metade - respondeu Diana. - Não podemos viver com medo. Ou fazemos as coisas acontecerem, ou as coisas acontecem com a gente.” (Página 127)

O livro foca em quem a mulher por trás da Mulher-Maravilha é. Conhecemos mais sobre Diana antes de ela se tornar a icônica heroína amazona. Apesar do começo muito similar ao filme, este livro aborda uma Diana de um universo completamente diferente e inédito.

Por se tratar de um livro jovem-adulto, Diana é retratada como uma adolescente. Isso significa que ela tem milhões de questionamentos e problemas que acompanham esse período turbulento, fora o peso de ser uma heroína. Esses “problemas” da idade acabam por escurecer o julgamento e a urgência na resolução dos seus problemas - que na verdade não envolvem apenas ela...


Achei interessante a proposta de tentar atrair um público que não consome o tipo de história tradicional dos quadrinhos, mas isso não funciona tão bem pois Diana perde algumas características importantes, que ela provavelmente ainda não teve tempo de amadurecer.

Um ponto novo abordado por Leigh Bardugo foi a conexão entre as amazonas. Elas possuem um elo forte, e se uma delas estiver em perigo ou sofrer, isso afetará todas as outras amazonas da ilha, e isso só aumenta o quão importante a ligação entre elas é. Além de terem um elo de amizade e companheirismo muito forte, ainda temos esse elo emocional e físico.

Uma coisa que sempre aparece em livros que pessoas de outros mundos visitam a Terra - e que até pode ser considerado clichê - que sempre agrada é ver a pessoa estrangeira descobrindo os hábitos da época. Não tem como não se divertir com o estranhamento deles. Isso é presente no filme de 2017 e aqui, e ambos são representados com total sucesso. 

“O Google é o seu deus?” (Página 66)

Apesar de ter gostado do livro, eu esperava mais. Não é que a leitura não tenha sido proveitosa, o problema foi que eu realmente não conseguia ver a Diana poderosa que sempre conhecemos por trás dessa Diana adolescente… Muitos momentos do livro são comuns demais, ela vai ao baile, conversa sobre meninos, se empolga com vestidos… Eu sei que ela é uma adolescente mas devido ao seu histórico eu achava que ela não se deixaria levar tanto, que ela fosse focar na missão, afinal de contas o destino do mundo estava em suas mãos.


Uma outra coisa que não me agradou tanto foi o final. Senti que a autora se baseou muito no fator Deux ex machina, fazendo com que o andar da carruagem fugisse completamente da mão dos personagens…

Porém, de uma maneira geral “Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra” é um livro divertido, envolvente, que levanta de maneira sutil diversos questionamentos raciais e de gênero. Assim como também mostra que o seu futuro, a pessoa que você quer ser, só depende de você. Não importa o que o mundo fale, se você tem um sonho, ninguém nunca poderá tirar ele de você.

Autora: Leigh Bardugo
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 400
Classificação: ★★★★/✰✰✰✰✰

*Livro cedido em parceria pela editora*

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