quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

[Resenha] Jovens de Elite #1: Jovens de Elite

“Você não é uma aberração. Você não é apenas uma malffeto. É por isso que eles a temem. Os deuses nos deram poderes, Adelina, porque nascemos para reinar.” (Página 48)


Comecei a ler “Jovens de Elite” sem nenhuma pretensão. Estava passando por um daqueles momentos de ressaca literária, onde nada que eu começava a ler era o que eu queria. Algumas páginas mais tarde eu estava completamente viciada e com sede por mais.

Havia lido apenas “Legend” da autora Marie Lu e confesso que não foi uma experiência muito positiva… Resolvendo dar uma nova chance a autora, e ouvindo inúmeras críticas positivas, me joguei de cabeça em “Jovens de Elite”.


A história se passa em um lugar que lembra uma Itália alternativa que foi assolada por uma doença chamada “Febre de Sangue”, que dizimou grande parte da população. Aqueles que não morreram, principalmente as crianças, ganharam cicatrizes e marcas que os deram o apelido, nem um pouco carinhoso, de malfettos. Porém, não foram apenas cicatrizes que a febre deixou. Uma pequena parcela dos malfettos ganhou poderes extraordinários, o que lhes pintou um alvo nas costas e lhes concedeu o título de Jovens de Elite.

O fato da população temer os Jovens de Elite e acreditar que a Febre foi uma maldição dos deuses, torna “Jovens de Elite” um livro sobre desigualdade e alienação das massas, que preferem acreditar que o desconhecido é perigoso e deve ser destruído, ao aceitar seu potencial como um degrau de futuro melhor para todos.

Em meio a tudo isso, temos a protagonista Adelina que foge dos clichês ao ser uma garota marcada pela febre de um jeito que não a torna a “pobre garota linda”. Ela perdeu um olho e a cor do cabelo quando era apenas uma criança. Como se não bastasse o próprio preconceito daqueles ao seu redor, seu pai a trata como uma maldição, um fardo. Por isso ela vive uma vida isolada, tendo apenas como companheiros o medo e a raiva. Após ouvir uma conversa escondida, ela vê que sua única saída é fugir para bem longe, então é aí que sua vida muda completamente...


“Jovens de Elite” é um daqueles livros fáceis de ler, em que as páginas te prendem e parecem se virar sozinhas. Um dos meus maiores medos era que este livro fosse recheado de clichês da fantasia jovem adulto. Graças a deusa os tempos mudaram...

Adelina passa de uma garota frágil e oprimida, alguém que não conhecia a si mesma e todo seu potencial, a uma mulher forte que percebeu que ninguém vai defendê-la se ela não tomar esta tarefa para si mesma. Ela enterra a menina ingênua e fraca e ressurge em perigo e sombras.

Adelina sofreu muito na mão do pai, e isso não passa despercebido. Mesmo após se tornar “livre” ela continua tendo pesadelos constantes com o pai, sua sombra servindo de motivação para que ela liberte todo o medo e raiva de dentro de si e se torne mais forte.

“Eu queria machucá-lo. Para me defender. Para me vingar. Para escapar. Mas não o machuquei apenas. Garanti que ele nunca mais levante um dedo contra mim. Em minha fúria, eu o matei.” (Página 234)

Tenha em mente que os personagens de “Jovens de Elite” não são bons. Todos eles tem seus objetivos e motivações e isso não significa o bem maior de todos, apenas o seu próprio - afinal de contas quem se importa com eles a não ser eles mesmos?


Por ser uma fantasia jovem adulto, tive o preconceito de acreditar que este livro seria recheado de clichês que insistem em acompanhar o gênero. Porém, levei um tapa na cara com um enredo inovador, personagens complexos que não se encaixam em uma única categoria e uma protagonista com potencial para o lado negro da força.

“Você está cometendo um erro - digo. Minha voz soa fria e monótona. A voz de alguém novo. - Por não me matar agora.” (Página 285)

Realmente espero que os clichês não surjam das cinzas (esse trocadilho não foi intencional, qualquer semelhança com Neve e Cinzas é mera coincidência - ou não) no segundo volume “A Sociedade da Rosa” pois isso arruinaria toda a tensão e escuridão criada no primeiro volume - vamos nos unir e destruir o clichê dos finais felizes impossíveis!

Autora: Marie Lu
Editora: Rocco
Número de páginas: 304
Classificação: ★★★★★♥/✰✰✰✰✰

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