segunda-feira, 5 de outubro de 2020

{Outubro Trevoso} [Resenha] VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue


“O problema todo está nesse lugar, e não é um problema que vamos resolver tão já. Você já deu uma olhada na entrada de Três Rios? Aquilo tem três pontas, como um tridente.” (Página 24)


Se você já desejou que qualquer coisa acontecesse para animar a sua tarde de marasmo -enquanto sua mãe te arrasta para visitar sua tia no interior-, eu sugiro que você repense suas escolhas, afinal de contas: mente vazia é oficina do diabo.

Que eu enalteço obras nacionais não é novidade, muito menos sobre o Cesar Bravo, já que eu já mencionei "Ultra Carnem" algumas vezes por aqui e lá no instagram.

Na falta de adjetivos melhores, e visando a objetividade dessa resenha -claro que também não tentando soar como uma puxa saco- posso definir Cesar Bravo como um puta autor foda (sinto muito se você esperava algo mais prolixo). Se você ainda não o conhecia, sugiro fortemente que o faça, já que além de ser ultra simpático e extremamente acessível, sua narrativa apresenta elementos que nos fazem refletir e fodem nossa cabeça por serem macabros e mostram o pior da natureza humana. *ai ai que loucuuuura! 💃

Brincadeiras à parte. Tive o prazer de receber um exemplar de “VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue”, o mais novo romance do autor, publicado pela Caveirinha nossa de todo dia <3

“VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue” é composto por 18 histórias independentes que se passam em uma pequena cidade fictícia do interior de São Paulo, Três Rios - também conhecida pelos íntimos de Derry brasileira. Aliás, já adianto que uma das coisas que eu mais gostei foi que a própria cidade de Três Rios acaba se tornando um personagem. Ainda mais, levando em conta todo o peso que essas terras carregam. Já que estamos falando de referências Caveirísticas, também lembrei muito de “HEX” de Thomas Olde Heuvelt, um dos livros que define o medo de cidades do interior.



*Menção honrosa para "Uzumaki" do ícone do terror, Junji Ito (tem resenha aqui, se você ficou curiosx).

“[...] O ser humano é um bicho curioso, ainda mais quando o assunto envolve desgraças. [...] O povo é igual a urubu, filho, a gente não consegue sentir o cheiro da carniça e voar para longe, nossa fome não deixa.” (Página 258)

*estala os dedos* Vocês continuam comigo?  kkkk

Em “VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue” Bravo cria uma trama em que a própria cidade de Três Rios passa a ser um funesto personagem. O que aparentava ser apenas mais uma cidade do interior de São Paulo reserva os mais macabros rituais, pactos e sacrifícios já imaginados. O clima que perpetua por toda a narrativa é o de desespero e medo. E assim como em “Salem” de Stephen King, começamos este livro sabendo que nada de bom pode acontecer aos personagens, e que apenas dor e sofrimento poderão sair destas páginas.



“O que nós dois sabíamos é que a hora morta ainda estava nos caçando, e que o Inferno não demoraria a nos alcançar.” (Página 188)

Como de costume, optei por não entrar em grandes detalhes quanto ao conteúdo de cada história, mas escolhi dar um panorama da obra como todo e de como foi a minha experiência lendo esse livrão -aliás, adianto que o único defeito foi ter terminado kkkk. Apesar de independentes, as histórias são interligadas, seja pela menção de personagens passados ou pela conexão entre cenários e lendas. 

Cada personagem criado representa alguém que, com certeza, você já deve ter cruzado na rua alguma vez, ou infelizmente (dependendo de quem estamos falando) você conhece intimamente. Será que tudo é horror? Talvez, leia e descubra a podridão da cerne da natureza humana.

A única coisa que eu posso dizer é: prepare-se, pois a escrita de Bravo é extremamente visceral e não poupa detalhes. Posso te garantir que as palavras escritas neste livro vão assombrar seus pensamentos, seja pelo horror psicológico ou gráfico.

“[...]Honestamente, só Deus e o Diabo sabiam o que aqueles três ainda tinham em mente. Eles também não eram mais humanos. Não percebiam, mas a cada novo golpe um pouco de suas almas ia embora.” (Página 100)

Preciso enaltecer o material extra deste livro, que aprofunda ainda mais a obra e torna a leitura uma experiência completamente diferente. Como se ler estas páginas fosse algo proibido, e que até mesmo pudesse invocar alguma coisa sem querer. 



Ao finalizar “VHS: Verdadeiras Histórias de Sangue”, a sensação predominante foi um misto de horror e êxtase, característica comum ao fim de uma grande obra, mostrando que este livro é mais um dos exemplos de como a literatura brasileira de terror cresceu nos últimos anos. Termino jogando praga: Cesar Bravo é um nome que ainda vai deixar muito gringo chorando embaixo do cobertor. *BEIJOSDELUZ

Autor: Cesar Bravo
Editora: Darkside Books
Número de páginas: 288
Classificação: ★★★★★♥/✰✰✰✰✰ 

*Livro cedido gentilmente pela editora*

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