sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

[Resenha] Battle Royale

Título: Battle Royale

Título original: バトル・ロワイアル

Autor: Koushun Takami

Editora: Globo Livros

Número de páginas: 664 (uuuuh, quase o número do capiroto...)

Skoob: Adicione a sua estante

Sinopse: Battle Royale é um thriller de alta octanagem sobre violência juvenil em um mundo distópico, além de ser um dos best-sellers japoneses e mais polêmico entre os romances. Como parte de um programa implacável pelo governo totalitário, os alunos do nono ano são levados para uma pequena ilha isolada e recebem um mapa, comida e várias armas. Forçados a usarem coleiras especiais, que explodem quando eles quebram uma regra, eles devem lutar entre si por três dias até que apenas um "vencedor" sobreviva. O jogo de eliminação se torna a principal atração televisiva de reality shows. Esse clássico japonês é uma alegoria potente do que significa ser jovem e sobreviver no mundo de hoje. O primeiro romance do jornalista Koushun Takami, tornou-se um filme ainda mais notório pelo diretor de 70 anos de idade, Kinji Fukusaku. Na batalha de todos contra todos, há os que enlouquecem, os que se revoltam, os que extravasam os piores instintos, os que buscam se alienar – e até os que assumem com prazer a missão de eliminar pessoas que horas antes eram colegas de classe. Nesse ambiente, o fio do suspense se mantém esticado o tempo todo: é possível confiar em alguém? Do que um ser humano é capaz quando toda forma de violência passa a ser aceita?

Defina o livro com uma frase: Japoneses realmente tem mentes bem problemáticas... ADORO <3


“Battle Royale” apresenta uma premissa relativamente simples: todo o ano, o governo no Japão, que após a mudança para um regime totalitário e extremamente opressor, passou a se chamar República da Grande Ásia Oriental, sorteia uma sala do nono ano para participar de um programa/jogo conhecido como Battle Royale (BR). Parece divertido? Esqueci de mencionar que esse jogo consiste em largar 42 alunos em uma área isolada e desabitada com apenas um kit – que contém alguns suprimentos, um mapa e uma arma que pode variar de um garfo a uma metralhadora – e um objetivo: matar uns aos outros até que reste apenas um sobrevivente.

Nota: Olha só quantos mehores amigos! Seria uma pena se eles fossem escolhidos para o BR, opa...

Ops, eu também esqueci de mencionar que todos os participantes são equipados com uma coleira que transmite a localização e os sinais vitais para os administradores do jogo, e que se esse aluno estiver em um quadrante determinado proibido ou tentar retirar a coleira, a cabeça dele explode.

Nossa mas que idéia brilhante... Por que será que eles fazem isso? O que o governo deixa transparecer é que o programa BR é uma forma de analisar o comportamento humano, quando submetido a situações extremas. Claro que isso se traduz para um discurso um tanto quanto batido: vamos controlar a população na base do medo.

Um dos pontos mais interessantes do livro é a construção do cenário político. Na República da Grande Ásia Oriental as pessoas vivem com medo e dificilmente alguém se revolta contra os seus algozes, seja por medo do que vai acontecer quando descobrirem ou, pelo fato de que de nada adiantaria, uma vez que seria necessária uma grande mobilização da população para atingir o governo.

O autor descreve, de maneira exímia, cada um dos personagens, dando realmente personalidades distintas para cada um deles – o que pode ser um pouco difícil quando temos 42 personagens. Assim como também descreve o cenário a volta deles e os seus devidos fins. Takami usa extremo detalhe e imaginação para descrever mais de 40 mortes, sendo cada uma delas diferente da outra. E tudo isso sem tornar a narrativa maçante ou arrastada, uma coisa que esse livro não é, é arrastado. As cenas de violência e ação estão presentes do início ao fim, fazendo com que você torça por diversos personagens só para ter o seu sonho de felicidade esmagado com um piano (para quem não entendeu a referência, estou falando do Coiote e Papa-Léguas).

Ao decorrer da narrativa, diversos personagens relembram pontos de seus passados, que variam de abuso, prostituição, violência a extrema opressão. Nossa, e você pensando que alunos do nono ano não tinham problemas reais, certo? Achei muito interessante o fato do autor não medir palavras para falar de assuntos delicados, mostrando que em tempos desesperados, as pessoas tomam medidas desesperadas, sem nenhuma real idéia das consequências de seus atos (não é a toa que esse livro chocou tanto que foi rejeitado nas finais do Japan Grand Prix Horror Novel, em 1996).

O livro, apesar de apresentar muitos personagens, acompanha na medida do possível a narrativa pelo ponto de vista de cada um deles, focando nos três protagonistas. Acho que o único “ponto negativo” que eu encontrei nesse livro foi a minha dificuldade em distinguir um nome do outro, convenhamos... eu não falo japonês. Então, apesar da minha bagagem otaku (vamos enterrar esse passado, sim? ^-^), fica difícil saber quem é a máquina de matar e quem é o nerd bundão da sala.


Por mais que você não saiba quem é quem (tirando os protagonistas que são recorrentes), não há lá uma grande importância em decorar o nome de cada aluno, afinal de contas a grande maioria deles morre antes do fim do capítulo em que são apresentados (isso não é um spoiler, não precisam rasgar a roupa e pisar em cima). Então não se apeguem muito a esse detalhe, apenas continuem a leitura, já que quem realmente for importante para a narrativa, será mencionado novamente (e convenhamos, nas primeiras páginas do livro tem a lista dos alunos, qualquer coisa é só ir lá checar – e marcar as mortes).

“Batoru Rowaiaru” é um livro que mistura distopia, adolescentes, ação, violência, política e muito, mas muito, sangue. Se você sempre se perguntou o que 42 adolescentes japoneses fariam, se colocados em um jogo de vida ou morte no meio de uma ilha abandonada, este livro é para você! Claro que se você gostou de jogos vorazes, porém achou o romance desnecessário (ew), se você quer uma leitura frenética, ou se você simplesmente é um psicopata e adora sangue, esse livro também é para você! (por favor, não rastreie meu IP e me mate, obrigada).

Com relação ao filme, trata-se de uma adaptação relativamente fiel a obra original, com as suas ressalvas, claro. Diversos aspectos que tornavam o livro uma obra única, tiveram que ser modificados ou apenas cortados. Um dos pontos que mais me incomodou no filme foi a forma com que os personagens morrem. A impressão que eu tenho é que o diretor não tinha muito tempo para abordar cada morte única e resolveu juntar um monte de gente, sem nome, passado ou personalidade, e matá-los em uma tacada só, reduzindo assim o tempo em desenvolver personagens que não acrescentam muito ao enredo principal.



Outra coisa que me incomodou foi a falta de consciência e personalidade dos personagens. No livro, eles demonstram a profunda indignação com o governo e abordam temas que até os tornam mais maduros. Porém no filme eles simplesmente aceitam a situação, não conversam entre si e, como no caso de 99% dos filmes, não tem seus pensamentos e ideais expressos. Essa ausência de desenvolvimento tornou os 42 alunos insignificantes, enquanto no livro cada um era extremamente distinto do outro, no filme eles parecem figurantes desconhecidos. Fora que o livro apresenta um final muito menos perturbador e muito mais coerente a narrativa.




“ - E também tinha uma missão a cumprir, por isso não podia morrer.
- O que era?
- Vamos, é tão óbvio [...] Destruir esta bosta de país. O mesmo que nos atirou neste jogo de merda.” (Página 238)

Agora vamos falar de polêmica.... Vocês já ouviram falar de “Jogos Vorazes”, certo? Acho que ninguém vive embaixo de uma pedra e não sabe nada sobre essa franquia. Pois bem, há um certo rumor de que a Suzane Collins, autora de Jogos Vorazes, teria plagiado O Sr. Takami. Porém ela nega, mas é bem estranho já que existem diveeersas semelhanças entre as duas obras...

A mais gritante delas é o jogo em si e a existência de um governo tão fucked up que obriga jovens a batalhar até a morte, tudo para controlar uma nova possível rebelião. Tudo bem, esse não é um conceito que nunca mais poderia ser utilizado, porém, infelizmente a obra que é mais conhecida é "Jogos Vorazes" e muitas pessoas desinformadas normalmente acham que "Battle Royale" é o produto de um plágio, sendo que foi criado anos antes (12 anos para ser mais exata).

Outro ponto é a forma com que os participantes são monitorados. Toda a história dos quadrantes proibidos se assemelha bastante a forma com que em "Jogos Vorazes" os administradores engatilham armadilhas a fim de aproximar os participantes e gerar um conflito. Também há toda a questão de que ambos os "jogos" são transmitidos nacionalmente, tornando essa batalha sangrenta em um tipo de esporte - tendo direito até a apostas.



Se vocês quiserem eu vou mais além: em ambos há sempre um relatório das mortes; os participantes são escolhidos por meio de um sorteio, porém há aqueles que se voluntariaram para participar e convenientemente, em ambos os casos se tratam dos sociopatas assassinos que matam por prazer, não apenas para sobreviver.; ambos os jogos se passam em uma floresta; há um pseudo triângulo amoroso (nem sei se no caso de"Battle Royale" isso pode ser chamado de triângulo); a presença de um personagem em especial, que em ambos os casos serve de mentor para os participantes (SPOILER e que já havia participado anteriormente do jogo).

Claro que também existem diferenças, a mais gritante delas é que, enquanto Jogos Vorazes foca na rebelião, o jeito distopia YA de ser, Battle Royale foca apenas no jogo e em sobrevivê-lo. Será que houve plágio ou foi tudo uma estranha coincidência? Essa é uma pergunta que nunca saberemos a resposta, mas você pode tirar as suas próprias conclusões...

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