Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Número de páginas: 376
Skoob: Adicione a sua estante
Sinopse: Em uma cidadezinha na Nova Inglaterra, mais de meio século atrás, uma sombra recai sobre um menino que brinca com seus soldadinhos de plástico no quintal. Jamie Morton olha para o alto e vê a figura impressionante do novo pastor. O reverendo Charles Jacobs, junto com a bela esposa e o filho, chegam para reacender a fé local. Homens e meninos, mulheres e garotas, todos ficam encantados pela família perfeita e os sermões contagiantes. Jamie e o reverendo passam a compartilhar um elo ainda mais forte, baseado em uma obsessão secreta. Até que uma desgraça atinge Jacobs e o faz ser banido da cidade. Décadas depois, Jamie carrega seus próprios demônios. Integrante de uma banda que vive na estrada, ele leva uma vida nômade no mais puro estilo sexo, drogas e rock and roll, fugindo da própria tragédia familiar. Agora, com trinta e poucos anos, viciado em heroína, perdido, desesperado, Jamie reencontra o antigo pastor. O elo que os unia se transforma em um pacto que assustaria até o diabo, com sérias consequências para os dois, e Jamie percebe que “reviver” pode adquirir vários significados.
Defina o livro com uma frase: Não vou dormir a noite.... ou nunca mais depois disso... todo o tempo é precioso...
“Revival” poderia ser chamado: Facada na cara. Querido Sr. King
gostaria de saber de onde veio a ideia de escrever esse livro, dependendo da
resposta – apesar de eu amar os seus livros – aconselho tratamento psicológico,
porque olha, que porra eu acabei de ler?
“Não existe prova
desses destinos na vida após a morte, nem um traço de ciência, apenas uma
certeza cega, agarrada à nossa poderosa necessidade de acreditar que
tudo faz sentido.” (Página 75)
Queria ler esse
livro há um tempo, acabei lendo em outubro, pois foi o livro escolhido para o
mês no Clube de Leitura do qual faço parte. Comecei essa leitura sem saber o
que esperar, só sabia que tinha algo a ver com “Frankenstein” – ah, doce
ignorância...
“Só mais uma coisa.
Nós viemos do mistério, e é para o mistério que vamos. Talvez exista alguma
coisa lá.” (Página 76)
“Revival” contará
a história de Jamie Morton, inicialmente, um garoto ingênuo de 8 anos de idade
que mora em uma pequena cidade na Nova Inglaterra. Como tudo nesse livro, a
desgraça vai aumentando aos poucos, como uma torneira pingando em cima de um
copo esquecido na pia, pode demorar, mas uma hora o copo transbordará, é
inevitável.
Jamie vivia uma
vida normal até o dia em que a sombra de um homem cobre seu sol, esse homem é o
novo pastor da cidade de Jamie, o Reverendo Charles Jacobs. Instantaneamente um
laço de amizade é formado entre os dois.
Jacobs não é só
um religioso, ele é um cientista fascinado pela eletricidade, desde seus
primeiros momentos como reverendo da cidade ele prega seus sermões para um
grupo de jovens, com o auxílio de pequenas bugigangas elétricas que ele mesmo
fabricou.
“Mas será que ele
conseguiria? Seria fácil dizer que sim, porque com isso eu poderia pôr a culpa
nele. Só que também teria que me culpar, porque, assim como ele, eu não parei.
A curiosidade é uma coisa terrível, mas é humana. Humana demais.” (Página 363)
Tudo é uma
maravilha, Jamie tem uma família grande e feliz. Já Jacobs, sua vida também não
poderia ser melhor: ele é casado com uma linda mulher, que é adorada por todos
e toca piano durante seus sermões, e tem um adorável filho, o “mascote” de
todos na igreja.
“Nunca dá para
saber. Qualquer dia pode ser o dia em que caímos, e nunca dá para saber.”
(Página 63)
Porém, como nada
na vida é felicidade plena – principalmente nos livros do King – o irmão de
Jamie sofre um acidente, se tornando debilitado e após perderem a esperança,
Jacobs ajuda com a sua misteriosa eletricidade.
“E... até agora
tudo bem. Mas chegará o dia em que alguma coisa vai acontecer. Alguma coisa
sempre acontece. E quando acontecer...” (Página 374)
Durante a leitura
você até acaba esquecendo que estava lendo um livro do Stephen King, e que você
não poderia se deixar levar pela felicidade momentânea, porém o autor vai te lembrar que não existem
histórias felizes e quando tudo começa a desandar é uma voadora com os dois pés
na sua cara.
“A vida é uma
roda, e sempre volta ao ponto onde começou.” (Página 284)
Acontece um
terrível evento que muda a vida de Jacobs para sempre, depois disso ele perde a
fé, e prega um terrível sermão que marcará a vida de todos os presentes para
sempre.
“O reverendo
estava certo sobre uma coisa: as pessoas sempre querem encontrar razão para as
coisas ruins da vida, mas às vezes não existe razão.” (Página 78)
Muito tempo se
passa, e Jamie, o narrador, vai nos fazendo um apanhado de sua vida conforme a
leitura progride. Ao decorrer de sua vida, Jamie e Jacobs continuam se
esbarrando nas mais estranhas situações e é claro que vamos levando um soco ou
dois na cara conforme as páginas progridem... Ah, e espero que vocês não tenham
se esquecido que Jacobs tem certa afinidade,
com a eletricidade – guardem essa informação, porque que ela vai ser
importante.
“[...] não ouso
acreditar que a presença dele em minha vida tenha qualquer ligação com o
destino, pois isso significaria que todas aquelas circunstâncias terríveis –
aqueles horrores – estavam fadadas a acontecer. Se for assim, a luz não existe, e nossa
crença nela é mera ilusão. Se for assim, vivemos na escuridão, como animais em
uma toca, como formigas nas profundezas de suas colônias. E não estamos sós.”
(Página 10)
Apesar de já
conhecer e amar a narrativa do King, para mim o livro se perdeu um pouco
durante o meio, principalmente quando Jamie foca na sua carreia musical, mas
quando o final vai se aproximando as coisas vão adquirindo um tom mais sombrio,
é impossível não sentir o ar ficando mais pesado, já que esses eventos são sentidos
na forma com que Jamie narra os acontecimentos.
“Quando olhamos
para trás, acreditamos que nossa vida forma padrões. Cada acontecimento começa
a parecer lógico, como se algo – ou Alguém – tivesse mapeado todos os nossos
passos (e tropeços).” (Página 91)
O que eu posso
falar do final desse livro? Penso nele e no que ele significa sempre que me
bate um momento de reflexão e espero, do fundo do meu coração, que o King não
tenha se baseado em nada real para escrevê-lo. Não consigo pensar em uma
metáfora para descrever o final, acho que a palavra que melhor se encaixa é:
desolador.
Analisando agora,
acho engraçado eu ter passado a leitura toda com medo do título do livro,
achando que alguém ou alguma coisa seria “Revivida”. Ah, se
fosse apenas isso...
“Se já é difícil
pensar no que aconteceu depois, imagine pôr no papel, mas é preciso, no mínimo
como alerta para alguém que esteja pensando em brincar com a danação e, ao ler
este texto, desista da empreitada.” (Página 352)
Bom, recomendo
esse livro para todos os que desejam abrir suas cabeças para uma força que é
recorrente nos livros do King: o desespero. E deixo um aviso: se você quer
viver uma vida feliz e “ignorante”, não leia este livro. Agora se você não tem
medo do desconhecido e quer abrir os olhos para o que há além, esta é uma
leitura obrigatória, só não diga que eu não avisei...
Nenhum comentário:
Postar um comentário