“O Menino Que Desenhava Monstros” contará um pouco sobre a história da família Keernan, mais especificamente do filho deste casal: Jack Peter. Uma criança atormentada pela sua própria consciência, e como se não bastasse por algo que espreita pelo lado de fora da janela. Hoje, o post é especial para você que não leu esse livro ainda. Sim, você.
“Houve um tempo
em que essa expressão o deixava feliz, mas, em noites terrivelmente frias como
aquela, os sonhos se transformavam em pesadelos, e os monstros debaixo da cama
se agitavam na escuridão.” (Página 11)
1. Protagonista:
Jack Peter é uma
criança de 10 anos portadora da Síndrome de Asperger – basicamente um autismo
amenizado – e Síndrome do Pânico, por isso raramente deixa sua casa. Quando era
mais novo, ele era uma criança como as outras, até o dia em que ele e seu
melhor amigo, Nick, sofrem um terrível acidente. Com o passar do tempo Jack foi
se tornando outra criança, vivendo isolado dentro da segurança de seu lar, sem
nenhum contato com o mundo exterior além de Nick – que o visita regularmente.
Jack ainda vive com medo constante dos monstros que se escondem em cantos fora
do alcance da visão.
Apesar de ter se
distanciado de tudo e todos, Jack apresenta um hobby “normal”, que é desenhar. O porém, é que seus desenhos são
obras sombrias que refletem o estado de confusão mental – ou era isso o que os
seus pais acreditavam – e que se assemelham muito a uma certa presença que
ronda a casa...
Infelizmente
Jack é tido como o “vilão” durante boa
parte da narrativa. Na verdade ele é uma criança incompreendida e sem o apoio
necessário da família, já que seus pais se afastam cada vez mais por não
saberem lidar com suas peculiaridades. Como se isso não bastasse, eles não
acreditam em nada que o filho conte, pois sempre acreditam que faz parte de
mais uma de suas “recaídas”. Até que eles também começam a enxergar esses monstros.
Será que a condição de Jack é herdada de seus pais ou todo esse pesadelo é
real?
Keith Donohue
apresenta o tipo de narrativa que vemos em livros como os de Stephen King: alta
descrição dos cenários e personagens. Com uma construção muito bem elaborada do
clima de tensão. Esta história se passa, em parte, durante o inverno e eu juro
para vocês, ao ler esse livro (em pleno verão, por sinal) eu comecei a sentir
frio. Assim como também tive a sensação de estar sendo observada. É impossível
não se sentir tensa ao ler essa história.
Li algumas
resenhas em que as pessoas falavam que o início do livro é difícil, pois a
narrativa é lenta. Pelo contrário, o autor constrói, linha por linha, o que
culminará explodindo com o final arrebatador e muito bem desenvolvido.
“Como poderia ser
o vento? O vento por acaso mexe em maçanetas? O vento dá batidinhas nas janelas
da cozinha? Alguma coisa está tentando entrar, Tim. Entrar na casa, nas nossas
vidas. Eu escuto isso o tempo todo.” (Página 146)
3. Camadas:
“O Menino Que Desenhava
Monstros” apresenta
diversas camadas. O que eu quero dizer com isso? Superficialmente, é um livro
sobre pais tentando lidar (leia-se ignorar a maior parte) com os problemas do
filho e viver da melhor maneira possível. Porém, no seu âmago esta história
trata de um relacionamento sensível margeado pela crua realidade: algo ou
alguém está os observando e parece se aproximar cada vez mais. Talvez os monstros escondidos debaixo da cama
sejam mais reais do que eles imaginavam...
4. Terror Psicológico
Aqui nada é
gráfico ou explícito, os monstros estão, teoricamente, na sua mente – se você
tem medo de ler terror, este livro pode servir de porta de entrada para esse
magnífico e terrível mundo. A presença desses monstros não é o que torna o
livro assustador, a realidade é que faz esse papel. Ter um pesadelo pode ser
horrível porém, por mais que você “sofra”, é certo que o sol surgirá e você será
libertado do sono. Aqui o buraco é mais embaixo...
“Não tenha tanta
certeza sobre as coisas que não pode ver. A mente conjura o mistério, mas é o
espírito que fornece a chave.” (Página 75)
Desafio vocês a
lerem esse livro e não esboçarem nenhum tipo das reações a seguir: palpitações,
sensação de que está sendo observado, sudorese, tensão e, a cima de tudo,
ansiedade em descobrir o que te aguarda na próxima página.
5. Final surpreendente:
Todo o
desenvolvimento da trama foi espetacular, a cada página ficava apreensiva, sem
saber o que o futuro me reservava. O final desse livro, apesar de ter sacado o
nível de desgraça um pouco antes, foi um soco no estômago. Ter “descoberto” o
que ia acontecer não prejudicou a minha experiência de leitura em momento
algum. Pelo contrário, devido a essa incerteza o surgimento de tantas teorias
tornou o livro ainda mais intrigante.
Espero que eu
tenha convencido vocês a lerem “O Menino
Que Desenhava Monstros”, lembrem-se: cuidado com o que vocês desenham.
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