“Interferências”
é um livro da autora de ficção científica Connie Willis, que mistura ficção
científica e romance. Sim, você leu certo. Eu li um livro de romance e gostei *PAM
PAM PAAAM!
Acompanhamos a história de uma
protagonista - com um nome incrivelmente bizarro, que eu nem me atrevo a tentar
pronunciar - chamada Briddey. Que tem a família mais insuportável que eu
já tive o desprazer de ler sobre. SEN OR dai-me paciência!
A família dela não tem a mínima
noção do que a palavra espaço e respeito significam e se intromete, invade a
casa dela e até mesmo o trabalho para jogar problemas ridículos nas costas
dela…. O troféu integrante mais bosta definitivamente vai para Mary Clare… PUTA
QUE PARIU como eu me irritei com essa porra de mulher… Kiriiiida, você não tem
a menor noção de nada e é um milagre que a sua filha ainda não tenha te
assassinado enquanto você dormia.
O começo desse livro foi extremamente
difícil justamente pelas intromissões absurdas e que beiram o ridículo da
família Flannigan. Junte isso a uma protagonista extremamente indecisa, sem voz
ativa e desconfiada (ao mesmo tempo que é uma anta por não enxergar o óbvio), e
você teria uma receita perfeita para o desastre.
Graças a deusa não foi o que aconteceu!
A escrita fabulosa de Connie torna esse livro uma experiência extremamente
agradável e impossível de largar. Fiquei surpresa com a facilidade com que as
páginas passam, ainda mais levando em conta que esse livro tem quase 500
páginas.
O plot é incrivelmente complicado,
denso e misterioso? Não. Mas a forma com que a autora
constrói a narrativa, faz com que você passe a se importar até com os
personagens que você odiou em um primeiro momento (você não Mary Clare). E apesar
do enredo “bobinho” o livro faz reflexões quanto a nossa necessidade
desenfreada por comunicação. Como não conseguimos passar cinco minutos sem o
telefone por perto, e o que aconteceria se fossemos bombardeados por um excesso
excessivo - entenderam o drama? - de informação 24 horas por dia.
Uma das coisas que me incomodou, fora a
porra da família de Briddey, foi a personalidade da protagonista. Ela passa
mais da metade do livro sendo extremamente passiva e submissa, tanto com
relação a sua família quanto ao namorado bosta, Trent, e ao seu trabalho. Fora
que a forma com que ela tenta escapar do confronto me fez arrancar os cabelos
em fúria. Ao invés de agir como uma adulta, ela prefere se esconder e fingir
que não ouviu o telefone tocando. Ou pior, ao invés de ela mandar todo mundo a
merda e dizer para que eles cuidem de suas próprias vidas disfuncionais de
merda, ela simplesmente sai correndo, fingindo uma reunião. Briddey passa a
maior parte do livro tentando agradar os outros, ou preocupada com o que as
pessoas vão pensar ou deixar de pensar sobre suas decisões. Ela não se coloca
em primeiro lugar - claro, não ao ponto de ser uma egomaníaca psicótica, mas
vocês entenderam o que eu quis dizer...
Ela definitivamente se importa demaaaaaaaaaaaais com o que as pessoas vão pensar dela e isso realmente estava me deixando maluca. Não sou nenhum exemplo de auto-confiança e blábláblá, mas puta que pariu. Briddey não bebe água sem antes confirmar com deus e o mundo que isso é aceitável - me senti bem melhor depois desse desabafo…
Apesar de o livro ser vendido como uma
ficção científica são pouquíssimos os elementos que se encaixam neste gênero.
Além de toda a história da cirurgia que aumenta a empatia entre os casais
conectando-os emocionalmente, e a conexão inesperada de Briddey, não temos
realmente nada que torne o livro “fantástico”. Ao meu ver, extremamente
leigo dos romances, esse livro é muito mais um romance contemporâneo com uma
pitadinha de ficção científica - ouvi boatos que ele se encaixava como chicklit.
Mas a primeira coisa que me vem em mente ao pensar nesse gênero é Meg Cabot,
autora de uma infinidade de obras que acompanharam minha adolescência, e Sophie
Kinsella, autora de “Delírios de Consumo de Becky Bloom” e uma porrada de
outros títulos (tá pensando que só porque eu só leio terror não manjo de outros
paranauês @?).
Não amei a protagonista, e ao escrever
essa resenha percebo que ela me incomodou bem mais do que eu lembrava. Dois
personagens foram sensacionais e tornaram a história muito melhor - até porque
se eles não existissem não haveria história. Preferi não dizer quem eles são
mas se vocês já leram o livro ou pretendem, fica óbvio de quem eu estou
falando… Porém, nem mesmo eles são perfeitos e alguns artifícios da autora para
a resolução do grande problema do enredo foram extremamente Deus ex-machina. Ou
seja, resoluções que brotaram do rejunte do chão e não foram desenvolvidas.
Apesar do estresse inicial, que livro
gostoso de ser lido! (você está me achando meio bipolar @?) Me fez lembrar
minha origem de leitora compulsiva, quando lia romances bobinhos da
adolescência e amava!
O enredo pode não parecer desafiador
para algumas pessoas - ó grandes oráculos literários que são exímios
desvendadores de finais - mas eu amei esse livro! Terminei ele com um sorriso
bobo no rosto - enquanto tremia internamente como um chihuahua enfurecido. Sentimentos
conflitantes para uma história com uma protagonista mosca morta que virou
heroína graças a uma narrativa fenomenal.
Após essa leitura eu não tenho mais medo de começar a ler “O Livro do Juízo Final” da mesma autora. Acho que cada página a mais que foi escrita por essa mulher sensacional, é um presente, não algo a ser temido.
Autora: Connie Willis
Editora: Suma de Letras
Número de páginas: 464
Skoob: Adicione a sua estante
Classificação: ★★★★★/✰✰✰✰✰
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