quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

[Resenha] Dinastia de Ladrões #2: Vow of Thieves

"Agora eu sabia. Eu ainda tinha coisas piores do que morrer pela frente." (Página 14)


Resolvi inovar e aqui teremos uma resenha + análise, então já fica o aviso que é bem provável que você receba um murro de spoilers na cara - vou tentar me controlar mas não garanto. Se você ainda não leu nenhum livro da Mary E. Pearson, eu não sei o que você está fazendo nessa resenha (faça um favor a si mesmo e comece por aqui). Se você ainda não leu “Vow of Thieves”, esteja avisado que você está adentrando o mar dos spoilers.
Bom, é chegada a hora de novamente se despedir de personagens tão especiais, quem sabe para sempre. Mary E. Pearson porque você precisa ser tão cruel com suas trilogias/duologias e não escreve logo uma série interminável? 

Em “Vow of Thieves” teremos o desfecho da grande salada mista que é a vida de Kazi e Jase. Amor, traição, sangue, será que existe honra entre ladrões?


Já adianto, infelizmente esse livro não me prendeu tanto quanto seu antecessor. O que é recorrente, levando em conta que no final da trilogia “As Crônicas de Amor e Ódio” eu senti a mesma coisa. Não sei esse “problema” da autora em dosar o ritmo do livro é algo a ser amadurecido ou se ela faz de propósito - aumentando a intensidade da narrativa conforme as páginas vão terminando. Porém, ao meu ver, essa lerdeza inicial e pressa final fazem com que toda a narrativa seja mal aproveitada, dando uma ênfase “errada” aos momentos.

“Meldels Marisa, você bebeu?” Ainda não. A grande questão, que me incomoda profundamente, é o fato de que a autora perde intermináveis páginas descrevendo eventos que não adicionam muita coisa ao enredo. Ela desperdiça páginas cruciais de desenvolvimento para ter um final desleixado, que aparenta ter sido escrito por outra pessoa - tamanha a quantidade de pontas mal amarradas.

Outro grande problema, talvez o maior de todo o livro, é que acontece algo enorme que arranca seu rim pela boca e que te deixa com o gosto amargo da incerteza por no máximo 2 páginas. Uma vez que Pearson revela logo em seguida que nada aconteceu de verdade - isso é um spoiler? Espero que não.


Alguém poderia por favor explicar para a Pearson que não é assim que se constrói um momento de suspense e tensão? Tudo bem que talvez algumas coisas mudassem com relação a estrutura narrativa, mas pensando na obra como um todo e nas revelações e na carga emocional, isso tudo seria para o bem maior... 

Que eu não sou fã de romance, não é novidade. Porém, certos livros - como é o caso de tudo o que a Pearson escreve - apresentam romance de uma forma que gosto e não me faz vomitar. Porémmmmmm, nem tudo são rosas - nem aqui - e “Vow of Thieves” conseguiu receber o troféu de livro mais chato da autora com relação a enrolação sobre os sentimentos dos protagonistas.

Uma das coisas que mais me surpreendeu foi um plot twist relacionado ao vilão. No começo do livro, eu não conseguia levar esse personagem a sério, porém, conforme os eventos se desenrolavam ele se demonstrava cada vez mais cruel e temível - apesar de eu ainda achar a sua motivação um tanto quanto estúpida.

"Nem sempre é preciso um exército para salvar o mundo. Às vezes é necessário apenas uma pessoa para impedir que o mal vença." (Página 17)

Apesar desses problemas, “Vow of Thieves” acerta e continua trazendo personagens femininas extremamente fortes e cativantes. É impossível ler um livro da Pearson e não se apaixonar pela forma com que ela cria mulheres tão reais e resilientes. Outro ponto fortíssimo é o laço entre essas personagens. Competir pelo mesmo chernoboy? JAMAIS! Teste Bechdel completo com excelência~


Assim como em “The Kiss of Deception”, temos uma protagonista forte que não fica se lamentando enquanto espera pacientemente o príncipe em um cavalo branco vir resgatá-la. Kazi continua sendo a dona de seu próprio destino. Ela conhece suas limitações e as utiliza para seu próprio benefício, jogando com suas dificuldades e as superando.

O livro não é ruim, porém não superou as expectativas criadas no seu antecessor e muito menos foi satisfatório como conclusão, já que terminou de uma forma um tanto quanto morna. Eu também senti que a autora começou a fazer uma ligação com a trilogia anterior em “Dance of Thieves”, mas em “Vow of Thieves” isso foi relativamente deixado de lado. Esperava alguma cena que ligasse os cinco livros, mas fiquei só na vontade... De qualquer maneira, agora nos resta torcer para que mais uma trilogia nasça em meio às incertezas da vida.

Autora: Mary E. Pearson
Editora: Darkside Books
Número de páginas: 464
Classificação: ★★★★★/✰✰✰✰✰ 

*Livro cedido gentilmente pela editora*

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